Netflix Quer a Warner, iRobot Faliu, Blindados em Alta e IA no RH Brasileiro
Bom dia! Hoje é 16 de dezembro. Neste mesmo dia, em 1770, nascia Ludwig van Beethoven, compositor que revolucionou a música mesmo após perder a audição, uma prova de que limitações podem ser combustível para a genialidade. Mais de 250 anos depois, vivemos outra revolução: a da inteligência artificial, que também desafia limites e redefine o que é possível criar.
Netflix mantém cerco à Warner Bros. e pode redesenhar Hollywood
O interesse da Netflix pela Warner Bros não é novo, mas agora ganhou contornos mais concretos. Segundo a Bloomberg, os CEOs Ted Sarandos e Greg Peters apresentaram formalmente uma proposta de aquisição ao CEO David Zaslav. A Netflix, que construiu seu império desafiando os estúdios tradicionais, agora quer absorver um deles. E, ao que tudo indica, não pretende recuar: fontes próximas às negociações afirmam que “o cenário não mudou” e o interesse permanece firme, apesar da complexidade do acordo.
A lógica estratégica é clara: a Warner possui um catálogo incomparável (Harry Potter, DC, HBO, CNN) e infraestrutura de produção que a Netflix levou anos tentando construir organicamente. Mas o contexto é o que torna a proposta explosiva. A Warner Bros. Discovery acumula uma dívida de aproximadamente US$ 41 bilhões e viu suas ações despencarem desde a fusão em 2022. O movimento recente de separar seus ativos de streaming e estúdio da divisão de TV linear - uma reestruturação que deve ser concluída em meados de 2025 - pode facilitar uma eventual venda parcial ou total. Para Zaslav, a oferta pode soar como resgate; para a Netflix, é a chance de consolidar hegemonia num mercado de streaming que caminha para saturação.
Se concretizada, a fusão criaria um colosso capaz de rivalizar com Disney e Apple em escala global, mas também levantaria questões antitruste significativas. A persistência da Netflix indica que a empresa enxerga uma janela de oportunidade real, e está disposta a esperar o momento certo para avançar. Mais do que uma aquisição, seria uma reorganização do poder em Hollywood - e um sinal de que a era dos estúdios independentes de streaming pode estar chegando ao fim. A pergunta que fica: num mercado onde todos tentam ser tudo, quem sobrevive sozinho?
iRobot declara falência: o fim de uma pioneira
A iRobot, empresa que popularizou o robô aspirador Roomba e ajudou a criar a categoria de robótica doméstica, declarou falência nos Estados Unidos. A notícia encerra um ciclo que começou em 1990, quando Colin Angle e seus colegas do MIT sonhavam em colocar robôs em cada lar. Conseguiram, mas não sobreviveram ao próprio sucesso que inspiraram.
A derrocada foi acelerada pelo colapso da aquisição pela Amazon em 2024, barrada por reguladores europeus preocupados com concentração de mercado e privacidade de dados. O negócio de US$ 1,7 bilhão teria dado à iRobot o fôlego financeiro necessário para competir com fabricantes chineses que inundaram o mercado com produtos mais baratos. Sem o acordo, a empresa queimou caixa, demitiu mais da metade dos funcionários e viu sua relevância evaporar. A lição é dura: ser pioneiro não garante permanência. A iRobot criou um mercado, mas não conseguiu defendê-lo contra concorrentes que copiaram sua inovação e a entregaram por uma fração do preço.
O caso ilustra um padrão recorrente no mundo da tecnologia atual: empresas ocidentais inovam, enfrentam barreiras regulatórias para consolidação, e perdem terreno para competidores asiáticos com cadeias de produção mais eficientes e menos burocráticas. A falência da iRobot não é apenas o fim de uma empresa, mas é um aviso sobre os custos de uma regulação que, ao tentar proteger o consumidor de monopólios ou o trabalhador de possíveis explorações, pode inadvertidamente entregar mercados inteiros a players estrangeiros.
Brasil lidera mercado de blindados: a indústria do medo em alta
O Brasil movimenta R$ 3,5 bilhões ao ano no mercado de blindagem de veículos e responde por 30% da produção mundial de carros blindados civis. Os dados, revelados pela Bloomberg Línea, expõem uma realidade incômoda: o país se tornou líder global numa indústria que só existe porque a segurança pública falhou.
O setor cresce em média 10% ao ano, impulsionado por empresários, políticos e profissionais liberais que transformam blindagem em item essencial. As empresas brasileiras desenvolveram expertise reconhecida internacionalmente e agora exportam tecnologia para mercados como México, Colômbia e até Oriente Médio. É uma competência técnica inegável, mas construída sobre uma base perversa: a incapacidade do Estado de garantir segurança básica.
A “indústria do medo” revela uma economia paralela que prospera na disfunção. Enquanto outros países investem em prevenção, o Brasil monetiza a proteção individual. Há inovação genuína - com materiais mais leves, vidros mais resistentes, técnicas de instalação mais sofisticadas -, mas o sucesso do setor é, em última análise, um atestado de fracasso coletivo. O país exporta blindagem porque importou violência.
IA no RH: Netlex atrai Totvs enquanto Google e Senai apostam em requalificação
A startup mineira Netlex, que usa inteligência artificial para análise de antecedentes e compliance de fornecedores, recebeu investimento estratégico da Totvs, a maior empresa de software do Brasil. A operação sinaliza que a automação de processos jurídicos e de due diligence deixou de ser nicho e entrou no radar das grandes corporações. A tecnologia da Netlex permite cruzar dados públicos, identificar riscos reputacionais e acelerar decisões que antes levavam semanas.
Na outra ponta do espectro, Google e Senai lançaram uma plataforma gratuita de capacitação em IA voltada para trabalhadores brasileiros. A iniciativa reconhece o óbvio: a mesma tecnologia que automatiza empregos precisa formar quem foi deslocado por ela. São cursos que vão do básico ao avançado, com certificação reconhecida pelo mercado.
Os dois movimentos são complementares e revelam a dualidade da IA no mercado de trabalho. De um lado, ferramentas como a Netlex eliminam funções repetitivas de analistas e advogados juniores. De outro, iniciativas como a do Google-Senai tentam criar rotas de transição para quem precisa se reinventar. A questão crítica permanece: a velocidade da requalificação conseguirá acompanhar a velocidade da automação? Até agora, a resposta tem sido não - e isso deveria preocupar mais do que preocupa.







