Tem um robô na padaria
Eu adoro ir à padaria. Acho uma delícia ficar por lá aos finais de semana, de manhãzinha, tomando um café demorado, fazendo literalmente nada. Esse hábito virou quase um ritual e quando não consigo fazer, sinto falta.
Porém ontem, a padaria estava diferente. Entre pessoas e cadeiras, circulava um ser diferente, com olhar alegre, indo e voltando com bandejas cheias de pães na chapa, café coado e ovos mexidos. E foi aí que a padaria ficou ainda mais interessante.
Um "robô garçom” estava trabalhando ao lado dos garçons humanos. Ele se espremia nos espaços apertados, pedia licença, chegava até os clientes e agradecia pela presença. O futuro chegou de mansinho, entre um pingado e outro.
Eu já conhecia esses robôs. Já tinha visto em restaurantes no Vale do Silício e em hotéis na China. Alguns hospitais também utilizam. E, como entusiasta da tecnologia, minha surpresa não foi o robô. Foi o interesse despertado pelo robô.
Senhoras tentavam interagir com ele. Crianças fugiam dele. O pessoal da padaria competia com ele. A cena de “surpresa” me fez ter ainda mais certeza de que pouquíssimas pessoas estão preparadas pelo que vem pela frente.
Eu postei o tal robô no meu Instagram. Foi o stories mais visto da minha rede até hoje. Respondi uma centena de mensagens, com o nome da padaria onde o robô trabalha. Foi uma reação interessante, mas ao mesmo tempo preocupante.
Toda vez que somos pegos de surpresa pelo “de repente das coisas”, significa que nos colocamos numa posição de risco. Robôs, até ontem, eram coisa de futuro. Agora, só na Amazon, já são mais de 1 milhão trabalhando diariamente.
Na padaria do bairro, um novo emprego deixou de existir. O robô assumiu do lugar do próximo humano que seria contratado. E, pelo que vi ontem, não vai demorar muito a substituir o humano que lá está, caso esse humano não seja cada vez mais humano.


