O Império de Valuation das Big Techs, a Nova Era dos Bancos, Nvidia em Tudo, a IA que Substitui e a Economia da Atenção
Bom dia! Hoje é 29 de outubro. Em 1929, há 96 anos, a quebra da Bolsa de Nova York inaugurava a Grande Depressão: um lembrete de que valorizações exuberantes podem esconder tensões estruturais.
De lá pra cá, o capitalismo se reinventou inúmeras vezes, mas a lógica da confiança permanece a mesma: o valor nasce da fé no futuro. E é exatamente essa fé que parece mover as novas fronteiras do mercado.
O império de valuation das Big Techs
Apple e Microsoft ultrapassaram, quase simultaneamente, a marca de US$ 4 trilhões em valor de mercado. A Microsoft, impulsionada pela transformação da OpenAI em uma empresa com fins lucrativos e pela aquisição de 27% de participação nela, tornou-se o maior símbolo do poder corporativo ancorado em inteligência artificial.
Mas a questão central é: esses números representam riqueza real ou apenas uma ficção sustentada por liquidez e expectativas?
Valoração de mercado não é sinônimo de dinheiro no caixa. Ela reflete o preço que investidores estão dispostos a pagar por uma fatia do futuro. Quando esse futuro parece promissor — como o das Big Techs, que dominam infraestrutura de IA, computação em nuvem e serviços digitais — o número dispara. No entanto, há um limite invisível: quanto maior o preço embutido na expectativa, maior o risco de decepção.
O império de US$ 4 trilhões é, em parte, uma obra de fé tecnológica. Ele consolida o poder das gigantes, mas também acende alertas sobre concentração, regulação e sustentabilidade de longo prazo. Afinal, o valor é real apenas enquanto o mercado acredita nele. E a história, de 1929 a 2000, mostra que crenças também colapsam.
A nova era dos bancos: Nubank supera a Petrobras
O Nubank ultrapassou a Petrobras como empresa mais valiosa do Brasil, atingindo US$ 76 bilhões em valor de mercado. O fato, embora simbólico, é profundamente estrutural. Ele representa a inversão da lógica econômica de um país que, por décadas, mediu grandeza pelo peso de suas commodities. Agora, o ativo mais valioso do Brasil é um banco digital sem agências, que opera na nuvem e monetiza dados e engajamento.
O avanço do Nubank reflete uma nova era da intermediação financeira, em que tecnologia, experiência do usuário e escala digital valem mais do que reservas de petróleo.
É o triunfo da leveza sobre a inércia, da eficiência sobre a infraestrutura. O Brasil, e por extensão, a América Latina, começa a exportar um novo tipo de poder: o poder da desmaterialização.
Mas a ascensão também traz desafios. O ambiente regulatório é mais complexo, o custo de retenção de clientes sobe com o tempo e a pressão por resultados crescentes é implacável.
O Nubank pode ter vencido uma batalha simbólica, mas agora precisa provar que o valor de mercado não é apenas uma febre passageira, mas sim reflexo de um modelo sustentável e resiliente a crises de liquidez.
Nvidia em tudo: da IA aos robôs-táxi
Depois de dominar o mercado de mineração de criptoativos, o de chips para IA e infraestrutura de data centers, agora a Nvidia entra com força no setor automotivo. A Uber anunciou planos para operar uma frota de 100 mil robôs-táxi equipados com tecnologia Nvidia a partir de 2027, um marco que sinaliza a transição definitiva da empresa de chips para um papel de arquitetura da mobilidade global.
Esse movimento é mais do que uma parceria industrial; é uma mutação de poder. A Nvidia deixa de ser apenas fornecedora de hardware e passa a ser uma infraestrutura invisível que conecta robôs, nuvens, carros e pessoas. Ela é a “Intel Inside” da era da IA, só que muito mais onipresente e estratégica.
A convergência entre transporte, automação e inteligência embarcada redesenha o conceito de cidade, de propriedade e até de trabalho humano. Se veículos autônomos se popularizarem, profissões inteiras desaparecem e cadeias de valor inteiras são reconfiguradas.
Mas há riscos: a dependência tecnológica de uma única fornecedora e os desafios regulatórios de mobilidade autônoma ainda podem frear a ambição. Mesmo assim, o rumo está traçado, e ele aponta para um futuro onde os chips decidem o trânsito e onde:
A Nvidia torná-se onipresente.
A IA que substitui
A Amazon anunciou mais um corte de 14 mil postos de trabalho, alegando realocação de recursos para IA generativa. O episódio não é isolado, é sintoma de uma reorganização profunda das grandes corporações diante do avanço da automação cognitiva.
À medida que algoritmos assumem funções antes humanas, cresce a pressão sobre governos e empresas para repensar o papel do trabalho, da renda e da dignidade.
O debate sobre renda básica universal e redistribuição tecnológica começa a ganhar tração entre investidores e formuladores de política. O argumento é simples: se a produtividade explode, mas a renda não se distribui, o sistema entra em colapso.
A IA, nesse sentido, está forçando a economia global a revisitar a questão social sob uma nova ótica, não a da escassez, mas a da abundância mal distribuída.
O risco é que o curto prazo ainda será doloroso. A transição tecnológica tende a gerar desemprego estrutural antes que novas funções surjam. E, enquanto isso, cresce o abismo entre quem cria os algoritmos e quem é substituído por eles.
A nova economia da atenção: Netflix adere ao vídeo vertical
A Netflix anunciou que vai intensificar seus experimentos com vídeos verticais, voltados ao consumo mobile. A empresa nega competir diretamente com o TikTok, mas o movimento revela o diagnóstico: a atenção humana está migrando para formatos curtos, dopaminérgicos e personalizados. E as grandes plataformas estão se adaptando para não perder relevância em um ambiente onde o tempo é o ativo mais escasso do mundo.
O vídeo vertical é o símbolo da era da instantaneidade. Ele representa o triunfo do microestímulo sobre a narrativa longa, do engajamento sobre o conteúdo. Para empresas, isso significa uma disputa cada vez mais intensa por segundos de atenção, o que afeta modelos de publicidade, métricas de sucesso e até a forma como as histórias são contadas.
A economia da atenção, ao se tornar o novo petróleo digital, exige cuidado: quanto mais eficiente é em capturar o olhar, mais perigosa se torna em moldar o comportamento. A fronteira entre entretenimento e manipulação nunca foi tão tênue.
Resumo executivo
Valorações recorde de Apple e Microsoft elevam o patamar tecnológico global.
A ascensão do Nubank no Brasil reflete uma mudança estrutural nos serviços financeiros dos emergentes.
A Nvidia fortalece seu papel como pivô da infraestrutura autônoma, mostrando convergência entre IA, hardware e mobilidade.
A Amazon e a onda de demissões iluminam o impacto prático da IA no emprego.
A economia da atenção redobra com novos formatos: vídeo vertical na Netflix sinaliza que até o “big player” está adaptando-se ao smartphone como centro.







