IA para Turbulência, Propaganda no Carro, Salada no McDonald's, Whey do Beckham e BYD x Tesla
Bom dia! Hoje é 17 de novembro. Nesse mesmo dia, em 1869, foi inaugurado o Canal de Suez. Essa ligação fez com que as rotas marítimas entre Ásia e Europa fossem encurtadas em 8 mil quilômetros e acelerando a globalização da economia.
IA para turbulências
A Emirates está usando inteligência artificial e dados meteorológicos para transformar o que era turbulência surpresa em algo muito mais gerenciável. A companhia desenvolveu sistemas baseados em aprendizado de máquina para identificar regiões de turbulência, inclusive aquelas chamadas “céu claro” que escapam dos radares convencionais.
Eles também participam do programa IATA Turbulence Aware, que permite trocar informações em tempo real com outras companhias sobre condições atmosféricas e turbulências detectadas. O objetivo? Tornar a experiência de voo mais tranquila e segura, embora não seja possível eliminar a turbulência completamente.
O que me interessa nessa história é o seguinte: tecnologia aplicada para algo tão palpável e humano - conforto no voo - e não só por modinha. Isso mostra como inovação estratégica pode realmente impactar operações, processos e experiência do cliente. Pode parecer simples, mas é nesse tipo de aplicação que a disrupção se torna visível.
Propaganda no painel do carro
As telas dos carros estão prestes a virar mais do que apenas painel ou sistema de entretenimento. Já em 2026, a indústria automotiva planeja transformá-las em plataformas de publicidade. Montadoras estão explorando opções de monetização nas centrais multimídia, seguindo os modelos em smartphones e smart TVs.
A lógica é simples: a central do veículo pode exibir logomarcas ou mensagens patrocinadas ao ligar o carro, com anunciantes pagando por cada “impressão”. O motorista teria a opção de pagar uma assinatura para remover os anúncios. Mais ou menos como acontece no Youtube Premium e Netflix e Amazon Prime.
Há um porém: para funcionar, precisa convencer todos os lados - montadora, anunciante e usuário - de que o valor existe. A monetização precisa ser um jogo de ganha-ganha. Do contrário, pode virar apenas mais uma irritação no trânsito.
Mesmo que ainda pareça estranho, esse movimento mostra como a convergência entre mobilidade, tecnologia e publicidade se acelera. Vale monitorar: se você está no setor automotivo ou trabalha com experiência do usuário, tem ali uma mudança estratégica importante no radar.
Mudanças de comportamento e consumo
Eu falo constantemente sobre as mudanças de comportamento e consumo causadas pelo uso das canetas emagrecedoras. Restaurantes como Olive Garden já estão mudando seus cardápios e a indústria de alimentos também já está se adaptando.
Agora, chegou a vez do McDonald's. A rede de fast foods, conhecida pelo hamburguer e batata frita, lançou sua nova linha de saladas, a Salada Mix. Ela pode vir acompanhada de frango e carne bovina.
Além de responder ao novo apetite dos consumidores, o McDonald’s está, na prática, reposicionando parte do seu portfólio. Se uma parcela cada vez maior das pessoas passa a comer menos, optar por pratos mais leves e priorizar proteínas magras, continuar oferecendo apenas os clássicos já não basta. É uma forma de proteger relevância num cenário em que a quantidade importa menos e a qualidade começa a pesar mais na decisão.
E isso é só o começo. À medida que medicamentos como Ozempic e Mounjaro se tornam comuns na rotina das pessoas, categorias inteiras serão redesenhadas. Do delivery às bebidas, das padarias às grandes redes, todo mundo vai precisar repensar pratos de entrada, tamanhos de porção, margens e até o que significa “valor” para o cliente.
Whey do Beckham
A indústria global de bem-estar acaba de ganhar um novo protagonista. Em menos de um ano, a IM8, marca de suplementos cofundada por David Beckham, virou um foguete: já bate US$ 108 milhões em receita anualizada, um ritmo que poucas marcas no setor conseguem alcançar em tão pouco tempo.
O carro-chefe da empresa, o Daily Ultimate Essentials, virou uma espécie de “padrão ouro” entre os suplementos premium. Não é só marketing de celebridade. O produto ganhou tração porque combina qualidade real, formulação baseada em ciência e certificação internacional.
O resultado é um crescimento consistente: mais de US$ 6,6 milhões em vendas por mês e uma demanda global que mostra como saúde, performance e bem-estar estão migrando para uma nova lógica. Pessoas querem menos promessa e mais evidência. Menos hype e mais ciência.
A IM8 entendeu esse momento. E quando marcas capturam um comportamento nascente com precisão, o mercado responde rápido. Estamos diante de mais um sinal de que o futuro do bem-estar será dominado por produtos que combinem ciência, simplicidade e propósito. É aí que está o jogo.
Tesla x BYD: a “não” lógica de valor
O mercado de veículos elétricos vive um paradoxo interessante. A Tesla vale hoje cerca de US$ 1,2 trilhão na bolsa, mesmo faturando US$ 97 bilhões. Já a chinesa BYD, que vende mais carros e gerou US$ 107 bilhões em receita, é avaliada em “apenas” US$ 130 bilhões. É como se as posições estivessem invertidas: a maior receita é da BYD, o maior valor é da Tesla.
Essa diferença expõe algo fundamental sobre como o mercado olha para o futuro. A Tesla é tratada como empresa de tecnologia antes de ser uma montadora. O prêmio está no potencial: robôs humanoides, robotáxis, software, infraestrutura de carregamento e tudo que Elon Musk promete construir ao redor do carro. O mercado não paga o hoje, paga o amanhã.
A BYD, por outro lado, já é uma máquina industrial extremamente eficiente. Escala global, domínio de baterias, verticalização completa e presença crescente fora da China. Mas, para o investidor ocidental, ela ainda é vista como “montadora chinesa”, com menos glamour tecnológico, mesmo entregando mais resultado agora do que a Tesla.
O curioso é que essa equação tende a mudar. À medida que a BYD acelera internacionalização e avança em produtos de maior margem, e conforme a Tesla precisa provar que suas apostas futuristas realmente viram caixa, o mercado pode recalibrar esse prêmio. Por enquanto, temos um retrato claro da lógica de Wall Street: potencial vale mais que realidade. Até o dia em que a realidade muda.







