Do iFood ao Palco Global, Chips da Amazon, Cripto em Ressurgência e o Trabalho Definido pela IA
Bom dia! Hoje, 3 de dezembro, marca-se um momento histórico que ressoa profundamente no nosso presente espacial. Nesta mesma data, em 1966, a missão Surveyor da NASA deu os primeiros passos concretos em direção à Lua.
A série de missões Surveyor, projetada para aterrissar suavemente e estudar a superfície lunar, não apenas abriu o caminho para as aterrissagens tripuladas do Apollo, mas também estabeleceu a base para a exploração robótica de hoje.
Ex-iFood assume a Just-Eat: é hora de aplicar o modelo latino-americano globalmente?
O executivo brasileiro Roberto Gandolfo, ex-diretor da iFood, assumirá como novo CEO global da Just Eat Takeaway a partir de 1º de janeiro, após a compra pela investidora Prosus. A nomeação traz um blend de know-how latino-americano em delivery e experiência global, sugerindo que o modelo de super-apps e logística intensiva do iFood pode servir como template para expansão e reestruturação internacional da Just Eat.
Mais do que mudança de liderança, esta transição sinaliza uma aposta estratégica clara: levar ao mercado europeu e global o que funcionou em mercados emergentes - volume alto de pedidos, preços agressivos, otimização logística e algorítmica, e economia de escala baseada em custos baixos. Se Gandolfo aplicar os métodos que consolidaram o iFood no Brasil, o mercado europeu pode experimentar pressão renovada sobre concorrentes, reordenação das relações entre plataformas, restaurantes e entregadores, e um modelo de crescimento mais agressivo.
Mas a grande incógnita é estrutural: modelos que funcionam em países de renda média, onde há alta rotatividade de mão de obra, aceitação ampla de trabalho por aplicativo e demanda prioritária por preço baixo, terão a mesma viabilidade em economias maduras? Na Europa, a regulação trabalhista é mais rígida, os custos operacionais são significativamente maiores, e a própria aceitação do trabalhador médio a formas precarizadas de emprego é muito mais complexa. O trabalhador europeu tende a ser mais especializado e menos disposto a aceitar subempregos sem garantias ou proteções sociais - realidade oposta à do Brasil, onde o delivery por aplicativo virou válvula de escape diante do desemprego estrutural.
Além disso, restaurantes europeus historicamente resistem a comissões altas e exigem maior equilíbrio nas negociações - estas estratégias de comissões baixas para gerar escala, comuns no Brasil, podem não ser replicáveis sem enfrentar resistência ou até boicote. A pergunta, portanto, não é apenas se Gandolfo conseguirá exportar o modelo iFood, mas se esse modelo sobrevive intacto diante de um ambiente regulatório, econômico e cultural radicalmente distinto. O sucesso dependerá menos de eficiência algorítmica e mais de capacidade de adaptação institucional.
Amazon aposta pesado em chip próprio para disputar IA com Nvidia e Google
Com o lançamento do chip de IA Trainium 3, a Amazon reforça sua ambição de competir no núcleo tecnológico da revolução da inteligência artificial - não mais apenas como distribuidora de nuvem, mas como fabricante de hardware. O movimento ganha contornos ainda mais estratégicos quando consideramos que, até agora, a empresa ficou visivelmente atrás na corrida dos agentes de IA, enquanto concorrentes como OpenAI, Google e Microsoft avançavam rapidamente nesse terreno.
Ao investir em chips proprietários, a AWS busca não só viabilizar economicamente sua entrada nessa fronteira, mas também construir a infraestrutura necessária para competir em pé de igualdade no desenvolvimento de sistemas autônomos e agênticos.
A proposta da AWS é clara: oferecer poder de computação intenso com custo competitivo, diminuindo a dependência da Nvidia e abrindo espaço para empresas que querem escalar modelos de IA - incluindo agentes complexos - sem os preços premium das GPUs dominantes. Trata-se de uma jogada dupla: reduzir barreiras econômicas para clientes e, ao mesmo tempo, garantir controle sobre a pilha tecnológica que sustentará suas próprias iniciativas de IA generativa e agêntica.
Com mais fornecedores de hardware capazes, se aumenta a concorrência e a diversificação de riscos, reduzindo a dependência de poucas empresas - um passo rumo a uma infraestrutura de IA mais descentralizada, barata e resiliente. No entanto, a adoção ainda enfrenta barreiras significativas: falta de maturidade das ferramentas, compatibilidade com os stacks existentes e a ausência de bibliotecas robustas que dão vantagem histórica à Nvidia. Ou seja: o Trainium 3 é promissor, mas não substituirá o hardware dominante da noite para o dia.
A Amazon dificilmente derrubará a liderança da Nvidia no curto prazo, mas a força a competir por preço, eficiência e escala. E, ao mesmo tempo, constrói os alicerces para finalmente entrar com força na corrida dos agentes de IA, onde sua ausência até aqui soava como lacuna de desempenho. O chip não é apenas hardware: é a fundação de uma aposta atrasada, mas necessária.
Criptomoedas respiram - recuperação técnica pode ser só o começo, ou um alívio passageiro
Após semanas de queda e pressão macroeconômica, o Bitcoin recuperou fôlego, subindo 8% e atingindo cerca de US$ 91.700 em menos de 24 horas. Sobre está “pequena”, o mais interessante é que a presença crescente de ETFs e produtos regulados tem mudado estruturalmente a natureza do mercado cripto. E agora, um marco simbólico consolida essa transformação (e da alivio a queda).
A Vanguard, segunda maior gestora de ativos do mundo com cerca de US$ 11 trilhões sob gestão, anunciou que abrirá sua plataforma de corretagem para ETFs e fundos mútuos focados em criptomoedas, abandonando uma resistência que durava anos. A partir agora, mais de 50 milhões de clientes da Vanguard terão acesso a instrumentos regulamentados que detêm Bitcoin, Ethereum, XRP e Solana, colocando a exposição a criptomoedas no mesmo patamar de ativos tradicionais como o ouro.
A mudança não é trivial. A Vanguard ficou à margem enquanto os 11 ETFs de Bitcoin lançados no início de 2024 atraíam grandes fluxos de capital e acumulavam cerca de US$ 125 bilhões em ativos em menos de dois anos. O iShares Bitcoin Trust da BlackRock, sozinho, chegou a deter quase US$ 99,5 bilhões em seu pico.
A decisão demonstra que o Bitcoin deixa de ser nicho para virar infraestrutura financeira, com entrada institucional massiva, maior liquidez e visibilidade regulatória crescente. Isso reduzirá, provavelmente, a volatilidade extrema de anos anteriores, mas impõe maior convergência com mercados tradicionais. Ou seja: menos “paraíso anárquico”, mais integração com finanças globais. A entrada da Vanguard chancela essa transição: cripto agora é parte do mainstream financeiro.
As profissões de amanhã: metade das mais desejadas nos EUA envolvem IA e inovação
Levantamento recente indica que, entre as 10 ocupações laborais mais almejadas nos Estados Unidos, 5 estão diretamente ligadas à inteligência artificial e tecnologia. O dado sinaliza algo claro: estamos no limiar de uma transição profunda no mercado de trabalho global, onde a especialização tecnológica e a capacidade de operar com algoritmos se tornam a nova moeda de troca, redefinindo o que significa ser empregável no século XXI.
Mas a revolução vem com contrapartidas estruturais. A demanda crescente por talentos capacitados em IA tende a concentrar renda e poder em poucos centros geográficos e em grandes corporações tecnológicas, aprofundando desigualdades regionais e barrando a mobilidade social de quem não tiver acesso à formação de elite. A lógica é cruel:
quem domina as ferramentas de IA ganha mais, quem fica de fora é automatizado ou marginalizado.
Por outro lado, a mudança cria uma janela de oportunidade para países emergentes - como o Brasil - desde que haja investimento estratégico em educação de base tecnológica, formação continuada e incentivo robusto à pesquisa aplicada. Não basta formar programadores: é preciso construir ecossistemas de inovação, conectar universidades a empresas e criar políticas públicas que democratizem o acesso ao conhecimento técnico avançado.
A pergunta de longo prazo é incômoda, mas urgente: seremos consumidores passivos de talento global, importando inteligência de fora e exportando commodities, ou produtores de mão de obra de vanguarda, capazes de competir na economia da inteligência artificial? A resposta depende menos de retórica e mais de escolhas concretas feitas hoje.






