O Varejo é Muito Maior que o E-commerce
O debate entre e-commerce e varejo físico costuma gerar conclusões apressadas. Quando olhamos para Amazon, Mercado Livre e o crescimento acelerado do digital, a impressão é de que tudo já migrou para a tela do celular.
Mas basta encarar os números sem fantasia para perceber que a história é bem diferente. Nos Estados Unidos, o e-commerce (referência global em maturidade) representa 16,6% do varejo total.
Dentro dessa fatia, a Amazon reina absoluta, concentrando 38% das vendas online. Ainda assim, quando colocamos tudo no mesmo denominador, a gigante de Bezos controla algo em torno de 6% do varejo americano. É enorme, é transformadora, dita o ritmo de inovação do planeta. Mas está longe de ser “o varejo inteiro”.
No Brasil, seguimos uma lógica parecida, só que em escala menor. O comércio eletrônico já responde por cerca de 9% do varejo nacional. E dentro desse segmento, o Mercado Livre domina praticamente metade, cerca de 45% de todas as vendas online. Traduzindo para o conjunto da economia, isso coloca o Meli com algo próximo de 4% do varejo brasileiro.
De novo: líder absoluto no digital, mas ainda uma fração de um mercado muito maior, disperso e profundamente físico. No fim das contas, a leitura é clara. O e-commerce cresce, concentra, profissionaliza e puxa o varejo inteiro para padrões mais altos. Ele é o vetor de futuro, o laboratório de eficiência, o motor das novas experiências de compra.
Mas o varejo de verdade - o grosso, o volume, a rotina - ainda acontece nas lojas de rua, nos shoppings, nos centros comerciais. É ali que a maioria das decisões de consumo emerge, é ali que o Brasil compra. A verdade é que não existe “e-commerce ou lojinha”. Existe um varejo cada vez mais híbrido, onde o físico continua gigantesco e o digital avança rápido, reposicionando tudo ao seu redor.
Quem entende essa dualidade enxerga o jogo inteiro. Quem não entende… corre o risco de acreditar que o varejo inteiro cabe dentro de um aplicativo.



