Como a China Despoluiu as Grandes Cidades?
Há pouco mais de uma década, a China estampava as manchetes do mundo pelas cenas de poluição em suas grandes metrópoles. Imagens de Pequim e Shanghai encobertas por uma névoa densa e cinzenta se tornaram símbolo de um país que crescia em velocidade recorde, mas com altos custos ambientais. O ar era tão pesado que muitas vezes era impossível ver o horizonte, e máscaras já faziam parte da rotina da população muito antes da pandemia. O futuro parecia sombrio para quem acreditava que desenvolvimento e qualidade de vida não poderiam andar juntos.
Estou na China e fiz até um vídeo sobre isso:
Mas a história tomou um rumo diferente. Sob pressão internacional e, principalmente, da própria sociedade, o governo chinês iniciou um processo rigoroso de transformação. Fábricas foram modernizadas ou fechadas, padrões de emissão ficaram mais rígidos, e a transição para carros elétricos deixou de ser tendência para se tornar realidade em escala nacional. Hoje, milhões de veículos elétricos circulam nas ruas das principais cidades, diminuindo drasticamente as emissões que vinham do transporte urbano.
Outra estratégia decisiva foi a criação e expansão de áreas verdes. Parques, corredores ecológicos e projetos de reflorestamento urbano não apenas ajudaram a melhorar a qualidade do ar, mas também transformaram o estilo de vida dos habitantes. Em lugares antes cinzentos, surgiram espaços de convivência, lazer e esportes ao ar livre. Pequim e Shanghai, que simbolizavam o caos da poluição, hoje são exemplo de como a determinação em enfrentar um problema estrutural pode gerar resultados concretos em poucos anos.
O resultado é visível: a qualidade do ar melhorou a níveis antes inimagináveis, e a percepção das cidades mudou. O que era símbolo de degradação virou referência de transformação. A China ainda enfrenta enormes desafios ambientais, mas conseguiu provar que é possível conciliar desenvolvimento econômico com sustentabilidade. Pequim e Shanghai respiram melhor — e com elas, milhões de pessoas também.