Chips sob Pressão, Europa X Trump, Lobby para o Setor Tech, Cripto em Turbulência e Novas IA's de Saúde
Bom dia! Hoje é 27 de agosto. Nesta mesma data, em 1859, foi descoberto petróleo em Titusville, na Pensilvânia, marcando o início do primeiro poço comercialmente bem-sucedido do mundo. Esse evento deu origem à indústria do petróleo, que redefiniu a economia global, impulsionou a Revolução Industrial tardia e moldou a geopolítica por mais de um século. Da mesma forma, hoje acompanhamos uma nova “corrida energética”, não mais centrada no petróleo, mas na tecnologia, nos dados e na inteligência artificial, que se tornam os motores da economia contemporânea e as chaves para disputas estratégicas entre países e corporações.
Nvidia e China: tensões renovadas
A Nvidia volta a enfrentar barreiras na venda de chips para a China, reacendendo as tensões entre inovação tecnológica e geopolítica. O governo americano intensifica restrições sobre semicondutores avançados, receoso de que Pequim use tais tecnologias em aplicações militares e de vigilância.
Reforçando, mais uma vez, para a China a acelerar o desenvolvimento de alternativas próprias. Para investidores, o risco é a volatilidade das decisões de mercados e margens mais pressionadas para fabricantes que dependem fortemente da demanda asiática.
A médio prazo, esse movimento pode levar a uma “corrida armamentista tecnológica”, com cada bloco (EUA, China e Europa) buscando autossuficiência em chips.
O recado vem sendo claro: tecnologia não é apenas mercado, é estratégia de poder.
Europa e Trump: o atrito dos impostos digitais
A União Europeia defendeu seu direito de regular após Donald Trump atacar os impostos digitais cobrados de big techs. O embate não é trivial: envolve soberania fiscal, equilíbrio concorrencial e até diplomacia comercial.
Trump busca blindar empresas americanas de taxações que poderiam abrir precedentes globais, enquanto Bruxelas insiste na necessidade de adaptar regras do século XX para um mercado hoje dominado por plataformas digitais.
Esse choque tem duas consequências:
No curto prazo, aumenta a incerteza regulatória para empresas de tecnologia, que já operam sob regimes complexos e fragmentados.
No longo, abre espaço para um novo modelo tributário global, onde dados e usuários tornam-se base de cálculo de impostos, não apenas vendas ou lucros declarados.
Para os consumidores, o risco é de custos repassados no preço de serviços digitais e possível retração de investimentos em inovação.
A16z e o lobby em Washington
O fundo Andreessen Horowitz (a16z) investiu quase US$ 1,5 milhão em lobby em Washington, um movimento agressivo que contrasta com rivais mais discretos. A aposta reflete uma leitura pragmática: tecnologia e política já são inseparáveis.
Ao defender interesses de setores como cripto, IA e plataformas digitais, o fundo busca moldar leis que definirão o ritmo e a direção da inovação nos EUA.
Isso também é um sinal para o mercado: startups apoiadas pela a16z podem ganhar vantagem regulatória em áreas ainda cinzentas, como tokens digitais ou aplicativos descentralizados.
Para a sociedade, a lição é dupla: a) por um lado, a aceleração da inovação pode trazer ganhos econômicos e novas soluções; b) por outro, cresce a preocupação sobre a influência desproporcional de investidores privados na definição de regras que afetam bilhões de usuários.
Bitcoin perde fôlego, Ether ganha espaço
O Bitcoin caiu para a mínima de sete semanas, enquanto investidores migraram parte do capital para o Ether. O movimento pode ser lido não apenas como correção de mercado, mas também como uma mudança na percepção de valor: enquanto o BTC se firma como reserva, o ETH amplia aplicações, especialmente com a escalabilidade de contratos inteligentes.
Isso sugere que o mercado está menos focado em narrativas de escassez e mais em casos de uso concreto.
Contudo, essa transição exige cautela. A volatilidade permanece alta e a entrada de capital institucional no setor ainda depende fortemente de regulações claras. A disputa BTC x ETH pode se tornar um marco na evolução do setor — da especulação para a utilidade real.
Eyebot e o futuro da saúde ocular
A startup Eyebot levantou US$ 20 milhões em rodada Série A para ampliar acesso a cuidados oftalmológicos. O modelo aposta em dispositivos inteligentes e inteligência artificial para diagnósticos remotos, democratizando um serviço tradicionalmente caro e concentrado em grandes centros urbanos.
É mais um exemplo de como a IA está transbordando das big techs para áreas críticas da vida cotidiana.
O impacto potencial é enorme: milhões de pessoas em regiões com baixa infraestrutura de saúde poderão ter acesso a triagem de qualidade, reduzindo casos de cegueira evitável.
Se bem-sucedida, a Eyebot pode inaugurar uma nova geração de healthtechs focadas em escala global.