A Primeira Black Friday com IA
A Salesforce divulgou um relatório afirmando que a Black Friday gerou US$ 79 bilhões em vendas, sendo US$ 18 bilhões só nos EUA. Esse “evento” continua sendo muito importante para a receita das companhias de varejo. Mas o que mais chamou minha atenção no report foi a influência da IA e dos agentes de IA nas vendas. A Salesforce afirma que US$ 22 bilhões em vendas tiveram influência direta dos algoritmos, seja via recomendações ou via agentes de IA.
O que esse dado revela é um ponto de virada silencioso, mas profundo. Pela primeira vez, a IA deixa de ser apenas uma ferramenta de suporte e passa a ser protagonista na conversão. Não estamos mais falando de banners personalizados ou de sugestões tímidas na página do produto. Estamos falando de agentes de IA conduzindo conversas, respondendo dúvidas, reduzindo objeções e empurrando o cliente para a compra com a precisão de um vendedor experiente. Na prática, esses agentes já funcionam como uma nova força de vendas, disponível 24 horas por dia e capaz de atender milhões de consumidores ao mesmo tempo. E quando se soma essa escala à capacidade de personalização, o resultado é inevitável: uma parte crescente do faturamento das grandes datas promocionais começa a migrar para os algoritmos.
Isso muda tudo no varejo. As empresas que sempre apostaram em layout, tráfego e precificação agora precisam dominar modelos conversacionais, fluxos de decisão, integrações de dados e otimização contínua. O varejo sempre foi sobre entender o cliente, mas agora isso acontece em tempo real, em cada pergunta, em cada clique, em cada hesitação. Os agentes conseguem perceber sinais que nenhum humano conseguiria captar em escala, ajustando o discurso, oferecendo alternativas e testando diferentes abordagens de persuasão em milissegundos. É como se cada consumidor tivesse um consultor exclusivo de compras.
E o mais importante é que esse movimento ainda está só no começo. O report da Salesforce não mostra o futuro. Ele mostra o presente. Se US$ 22 bilhões já foram influenciados por algoritmos em 2024, imagine o impacto quando as empresas começarem a treinar agentes especializados para cada categoria, cada perfil de cliente e cada etapa da jornada. O varejo que conhecemos vai se dissolver na personalização. As empresas não disputarão mais a vitrine. Disputarão o modelo. Quem tiver o melhor agente venderá mais. Quem não tiver, ficará invisível.
A grande lição da Black Friday deste ano é simples. O consumidor continua comprando, mas não está comprando sozinho. A IA sentou ao lado dele e começou a opinar. E quando a IA opina, o varejo muda.



