Vale Tudo prova que novela ainda Vale Muito
A Globo conseguiu algo que parecia impossível: transformar um produto considerado ultrapassado em um fenômeno moderno de audiência e faturamento. A nova versão de Vale Tudo não apenas trouxe de volta a magia das novelas, mas bateu todos os recordes comerciais da história da emissora. Foram R$ 200 milhões em publicidade, 87 ativações de marca e 23 empresas envolvidas. Números que mostram que, quando a Globo se reinventa, o mercado inteiro volta a olhar para ela.
O último capítulo virou um evento nacional. Todos os intervalos foram vendidos, reunindo 26 marcas diferentes, de Itaú e Vivo a BYD, Coca-Cola, Ambev, Uber, Dove, OMO, iFood e Abbott. O sucesso foi tão grande que a novela ultrapassou 27 pontos de audiência na Grande São Paulo, um feito raro nos tempos atuais. Para um formato que muitos já tratavam como superado, foi uma prova clara de que ainda existe um poder gigantesco na boa narrativa popular.
Mas a Globo não apenas repetiu uma fórmula: ela reconstruiu o produto. Vale Tudo virou um laboratório de inovação. A emissora usou a trama para testar a integração entre TV e redes sociais, transformando personagens em influenciadores e cenas em gatilhos de conversa. O ritmo da edição ficou mais dinâmico, a linguagem mais próxima dos vídeos curtos e a trama passou a se desdobrar em múltiplas plataformas. De um lado, a televisão manteve o público fiel; do outro, o TikTok, o Instagram e o Globoplay levaram a história para uma nova geração.
O marketing também evoluiu. As marcas não apareceram como propaganda, elas entraram na história. O carro elétrico da BYD virou símbolo de status, o sensor de glicose da Abbott fez parte do cotidiano da personagem Solange Duprat, e o restaurante fictício “Paladar” foi recriado no iFood, onde o público pôde pedir os pratos da novela durante uma semana. Tudo isso fez parte de uma nova lógica de publicidade: em vez de interromper, as marcas passaram a construir junto.
O resultado foi uma novela que voltou a ser conversa de bar, assunto de rede social e vitrine de negócios ao mesmo tempo. Vale Tudo provou que a força da ficção brasileira não morreu, ela só precisava de um novo formato. A Globo entendeu que a novela continua sendo um produto emocionalmente potente, culturalmente relevante e, agora, tecnologicamente integrado. No fim das contas, o público voltou, as marcas voltaram e a Globo mostrou que, sim, novela ainda vale… e vale muito.