Tesla em Crise, Reddit vs IA, Google Recua, Uber para Idosos e Câmeras que Multam
Bom dia! Hoje é 5 de junho. Neste mesmo dia, em 1977, nasceu o Apple II — um dos primeiros computadores pessoais produzidos em larga escala e um dos pilares da revolução digital moderna. Quase 50 anos depois, ainda estamos redefinindo o que significa interagir com máquinas — mas agora elas pensam, dirigem, interpretam... e cobram por dados.
Tesla e os limites da direção autônoma
O caso mais grave do dia veio da Tesla. Uma mulher morreu em Ohio quando seu Tesla, com o sistema Full Self-Driving (FSD) ativado, atravessou um sinal vermelho. A colisão fatal acontece às vésperas do lançamento do serviço de robotáxis da empresa, agendado para 12 de junho. E levanta a pergunta inevitável: até que ponto estamos prontos para entregar o volante à máquina?
Desde que foi anunciado, o FSD vem sendo testado em vias públicas com um misto de fascínio e receio. A promessa era clara: tornar a direção mais segura ao remover o fator humano, responsável por 94% dos acidentes segundo a ONU. Mas eventos como esse mostram que a autonomia algorítmica ainda tem falhas graves — e que a confiança do consumidor não pode ser tratada como beta-tester.
A tragédia coloca a Tesla, mais uma vez, no centro da tensão entre inovação e regulação. A empresa quer ser Uber sem motorista. Mas para isso, precisa convencer o mundo de que seu software é mais confiável que o julgamento humano. Com vidas em jogo, o debate não será técnico. Será moral, jurídico, público.
Google, memória e privacidade
O Google decidiu adiar o lançamento do “Ask Photos”, um recurso de IA para o Google Fotos. A funcionalidade permitiria que o usuário conversasse com suas fotos: perguntando onde tirou determinada imagem, quando visitou um lugar, com quem estava, e por aí vai. Tudo por meio de IA generativa aplicada ao reconhecimento de imagem, tempo e contexto.
Mas o Google recuou após críticas recentes envolvendo seus modelos. A decisão reflete o novo dilema da big tech: até onde a inteligência artificial pode explorar nossos dados pessoais — mesmo que em nome da conveniência?
A fronteira entre assistente e invasor nunca foi tão tênue. Em um mundo onde nossas memórias visuais são tratadas como dados estruturados, o risco de vazamento, uso indevido e alucinações perigosas da IA ainda não foi resolvido. O “Ask Photos” é poderoso, sim — mas também é um espelho das ansiedades digitais que estamos vivendo.
Reddit x Anthropic: os dados têm dono
Enquanto o Google pisa no freio, o Reddit pisa no acelerador jurídico. A rede social está processando a Anthropic, criadora do chatbot Claude, por uso não autorizado de conteúdo gerado por usuários para treinar seus modelos de IA.
O processo reacende o debate sobre o que é dado público, o que é dado autoral, e quem lucra com o conteúdo compartilhado em plataformas abertas. No centro da disputa está o que o Reddit chama de “extração sem permissão” — algo que deve se tornar comum à medida que mais modelos forem treinados com o conteúdo da internet.
Na prática, estamos vendo os primeiros contornos do que será a nova regulação digital: direitos de treinamento, contratos de licenciamento de dados, e, no limite, a disputa por quem é dono da inteligência construída coletivamente na web.
Câmeras com IA punem motoristas nos EUA
Se a IA está sendo questionada na direção autônoma, também está sendo celebrada na punição manual. A startup Obvios está instalando câmeras inteligentes em cidades dos EUA que detectam motoristas que não param em placas de “STOP”. As câmeras usam visão computacional para flagrar quem desacelera, mas não para — e emitem alertas automáticos.
Trata-se de um avanço na automação da fiscalização. Mas também levanta dilemas importantes: como garantir que esses sistemas sejam justos, auditáveis e isentos de erro? Afinal, a multa automática não permite discussão, contexto ou interpretação. E quando o juiz é um algoritmo, quem é o réu?
A vigilância algorítmica está se tornando silenciosa, constante e ubíqua. O que está em jogo não é apenas a segurança viária — é a arquitetura de poder que estamos criando nas cidades, onde câmeras veem tudo e a inteligência artificial decide o que está certo ou errado.
Uber aposta no digital... gentil
No outro extremo do espectro tecnológico, a Uber lançou uma nova interface de aplicativo voltada para idosos: o Uber Senior Account. Menos botões, fontes maiores, linguagem simplificada. Uma resposta clara ao envelhecimento da população e à necessidade de desenhar tecnologia que não exclua quem tem mais de 60 anos.
Essa decisão mostra que acessibilidade não é apenas uma questão ética — é um diferencial de mercado. Quem criar plataformas amigáveis para os idosos não só promove inclusão digital, como acessa um público cada vez mais conectado, mas ainda carente de soluções intuitivas.
É uma lição importante: enquanto algumas empresas correm para sofisticar, outras vencem ao simplificar.