Super Computadores em Modo Estado, Energia Nuclear para Data Centers, Menos Humanos no Trabalho, Moonshots de Volta e Saúde Domiciliar High-Tech
Bom dia! Hoje é 28 de outubro. Neste mesmo dia, em 1886, foi inaugurada a Estátua da Liberdade, um símbolo de ambição, promessa e também de risco político quando poderes mudam. Hoje vivemos outra ambição: a de construir infraestrutura tecnológica que transforme economia, trabalho e poder e, como sempre, essa transformação traz tanto oportunidades quanto dilemas.
EUA como potência tecnológica: supercomputadores em modo “estado”
O governo dos EUA anunciou investimentos e contratos que colocam centros de supercomputação e chips de alto desempenho no cerne da política industrial, uma combinação de contratos públicos e parcerias com fornecedores como AMD (fechando contratos estimados em US$ 1 bilhão para criar supercomputadores de pesquisa) e avaliações de taxas sobre players como Nvidia.
A intenção é óbvia: reduzir dependências, acelerar pesquisa (clima, energia, defesa) e consolidar uma liderança tecnológica que vincule inovação a segurança nacional.
No curto prazo isso significa ordens firmes por hardware, linhas de crédito para foundries e competição por talento e energia elétrica. No médio prazo, cria-se um ecossistema: fornecedores, laboratórios e hubs regionais. que tende a atrair investimentos privados.
O risco político é também claro: a tecnologia se torna instrumento de poder estatal; empresas que operam globalmente terão de navegar regras distintas e, por vezes, conflitantes, entre segurança nacional e eficiência econômica.
Esta jogada acelera a relocalização fabril, objetivo primário da era Trump 2.
A volta das nucleares: economia da energia constante
Com a demanda energética da IA crescendo, usinas nucleares veem ao radar como solução para fornecer energia densa, constante e relativamente “limpa” para data centers de larga escala.
Há relatos de reativações e projetos pensados exatamente para alimentar clusters computacionais. A Google, por exemplo, está a frente da reabertura da usina de Duane Arnold, a única usina nuclear de Iowa, nos Estados Unidos. A big tech comprou energia da planta (615 MW) como fonte de energia livre de carbono 24 horas por dia, 7 dias por semana, para ajudar a alimentar a crescente infraestrutura de nuvem e inteligência artificial.
Para provedores de nuvem e fabricantes de chips, a disponibilidade de eletricidade barata e estável muda a equação econômica: reduz custos operacionais, abre possibilidade de treinar modelos maiores e descentraliza a localização de data centers para locais onde a energia está garantida.
Em termos de política industrial, empresas que demonstrarem compromisso com energia de baixo carbono (incluindo nucleares de nova geração) ganharão vantagem competitiva; e a pressão regulatória e financeira sobre fontes fósseis aumenta ainda mais.
Menos horas, menos gente: a automação redimensiona o trabalho
Líderes de grandes plataformas e executivos de tecnologia já falam abertamente em redução da jornada de trabalho graças à automação; simultaneamente, há notícias de cortes significativos de corporações gigantescas, como o planejando de cortes da Amazon que deixará 30 mil funcionários corporativos nas ruas — um corte que veio para reduzir a burocracia da empresa e aumentar os investimentos em IA.
A combinação é simples: IA eleva eficiência. Empresas repensam custos entre pessoas e modelos operacionais.
O efeito macroeconômico é ambíguo. Em setores de alta produtividade, reduzir horas com manutenção salarial pode aumentar bem-estar sem perda de output; em setores onde tarefas são facilmente automatizáveis, cortes de pessoal geram desemprego estrutural que exige políticas públicas de requalificação.
Para executivos, a mensagem operacional é brutal: investir em IA significa também redesenhar organogramas, planos de carreira e indicadores de desempenho. Para formuladores de política, a urgência é maior: educação, redes de seguro e incentivos à criação de empregos “resilientes” tornar-se-ão prioridades.
De volta à Lua: a retomada das moonshots
Empreendimentos dentro de Alphabet e outros players falam de “moonshots” com tom renovado, não só como metáfora, mas como estratégia: projetos de altíssimo risco que, se bem-sucedidos, criam novas indústrias (energia, mineração espacial, comunicação). A retomada lunar combina pesquisa pública, capital privado e políticas industriais que olham para o espaço como extensão da infraestrutura terrestre.
Esse retorno à Lua tem dois efeitos práticos imediatos:
Acelera P&D em materiais, robótica e propulsão; e
Redefine prioridades orçamentárias governamentais (defesa, ciência, parcerias público-privadas).
Mas também é uma corrida por normas e soberania: quem estabelecer primeiro padrões, portos espaciais e contratos de exploração terá vantagem comercial e geopolítica.
No plano cultural, moonshots funcionam como catalisadores: inspiram capital, talentos e narrativas que legitimam investimentos de longo prazo em tecnologias de alto impacto.
Saúde em casa: IA médica aproxima a medicina do lar
Ferramentas digitais e sensores avançados já permitem diagnósticos e monitoramento em casa de dispositivos que analisam de biomarcadores até sistemas que interpretam amostras biológicas com algoritmos, ou seja, interpretam o coco das pessoas💩.
A tendência é clara: a “wealth care” (saúde sob medida, contínua e orientada por dados) se aproxima do paciente, reduzindo custos hospitalares e aumentando detecção precoce.
As oportunidades brasileiras com avanços como estes podem ser significativos: sistemas públicos e privados podem usar triagem automatizada para ampliar cobertura e priorizar recursos, enquanto o setor privado cria mercados de devices, telemedicina e planos integrados. Mas existem limites éticos e técnicos: privacidade de dados de saúde, regulação de dispositivos médicos e a necessidade de evitar diagnósticos automatizados sem supervisão clínica.
A boa notícia é que a medicina distribuída pode reduzir desigualdades de acesso se implementada com políticas de subsídio e regulação apropriada; a má notícia é que, sem controle, pode ampliar a segregação entre quem tem “saúde inteligente” e quem depende do modelo tradicional.
Resumo Executivo
Controle tecnológico estatal: supercomputação e contratos governamentais tornam-se instrumentos de poder e indústria estratégica.
Energia = Computação: nucleares e fontes de alta densidade entram na equação de onde se pode montar data centers de próxima geração.
Trabalho em transição: IA reduz necessidades humanas em muitas funções; política pública de requalificação é imperativa.
Moonshots retornam: projetos espaciais reativam cadeias de P&D e normas internacionais.
Saúde descentralizada: devices e IA médica transformam o cuidado em serviço contínuo; com benefícios e riscos regulatórios.







