SoftBank, Google em Nova Rota, OpenAI como Sistema, Ronaldo Bilionário e Amazon na Saúde
Bom dia! Hoje é 9 de outubro. Neste mesmo dia, em 1876, Alexander Graham Bell fez a primeira demonstração pública bem-sucedida do telefone em Boston, conectando duas cidades. Um símbolo de como a tecnologia, quando ganha escala, não apenas conecta pessoas, mas redefine economias e o próprio conceito de distância.
SoftBank aposta US$ 54 bilhões em robótica e IA
O SoftBank anunciou uma das maiores apostas da história recente em tecnologia: US$ 54 bilhões destinados a robótica e inteligência artificial. A cifra impressiona não apenas pelo valor, mas pelo timing: Son, que já havia ficado marcado pelo colapso de apostas como WeWork, volta à cena tentando se reposicionar como catalisador da próxima revolução industrial.
O movimento mostra como a corrida da IA deixou de ser apenas sobre algoritmos e chips, e passou a ser sobre integração física. Robôs autônomos, humanoides e máquinas de logística são a extensão natural de modelos de IA generativa. Isso reposiciona o SoftBank em uma fronteira estratégica: não só financiar startups, mas moldar infraestruturas nacionais de automação.
O impacto para mercados é duplo. De um lado, abre um novo horizonte para a indústria de manufatura e serviços, onde robôs não substituem apenas linhas de montagem, mas funções de cuidado, transporte e até interação social. Do outro, pressiona governos a repensarem políticas de emprego, tributação e soberania tecnológica. Afinal, quem dominar a robótica autônoma terá controle sobre trabalho, defesa e até saúde pública.
O risco é claro: se essa aposta seguir o caminho da WeWork — hype inflado sem lastro operacional — pode inflar ainda mais a narrativa da “bolha da IA”. Mas se der certo, o SoftBank pode se tornar o motor de um capitalismo híbrido, onde máquinas inteligentes assumem papéis centrais em economias urbanas.
Google e o dilema da integração: do Pixel ao Gemini
O Google revelou sua nova linha de produtos: Pixel 10 Pro Fold, Pixel Watch 4 e uma série de recursos baseados em IA Gemini. Mais do que estética ou hardware, a mensagem é clara: o futuro da Big Tech está em transformar dispositivos em terminais de IA, menos dependentes de aplicativos avulsos e mais integrados a um ecossistema centralizado.
Mas a jogada mais ousada não está no design, e sim na estratégia regulatória. O Google pressiona para ter o direito de embutir o Gemini diretamente em apps como YouTube e Maps, em um movimento que lembra os tempos do Windows pré-antitruste, quando o Internet Explorer vinha acoplado ao sistema. A questão é se reguladores aceitarão essa verticalização, que pode consolidar a empresa como um “Estado paralelo” da informação digital.
Se aprovado, isso reforça a dominância do Google em um mercado já saturado. Se barrado, abre espaço para rivais como Apple e até OpenAI ampliarem sua presença. No fundo, estamos vendo uma batalha pelo operating system da vida moderna: quem controla a interface de busca, mapas e mídia controla o que consumimos, para onde vamos e até como pensamos.
OpenAI: de aplicativo a sistema operacional da atenção
A OpenAI lançou novas peças estratégicas que reforçam seu domínio: o Sora já acumula números comparáveis ao lançamento inicial do ChatGPT, e executivos da empresa falam em transformar a plataforma em algo mais próximo de um “sistema operacional”.
Esse não é apenas um movimento técnico, mas político. Quando uma IA deixa de ser apenas uma ferramenta de consulta e passa a orquestrar apps, fluxos de trabalho e até decisões de negócios, ela se torna infraestrutura nacional. A OpenAI já não compete só com Big Techs, mas com governos: quem depender dela, dependerá de regras privadas ditadas em San Francisco.
A implicação é brutal para mercados emergentes: empresas, escolas, escritórios de advocacia e até hospitais podem estar terceirizando parte de sua capacidade crítica de decisão para uma corporação privada. O dilema da soberania digital, antes um tema acadêmico, agora é questão prática: seremos cidadãos de países ou de plataformas?
Ronaldo bilionário: a economia da atenção em seu ápice
Cristiano Ronaldo se tornou o primeiro jogador de futebol bilionário em atividade, graças ao contrato com o Al Nassr e patrocínios globais. À primeira vista, trata-se de esporte e marketing. Mas o que está em jogo é o valor da atenção como moeda universal.
Seja no campo ou no Instagram, Ronaldo mostra como indivíduos podem se tornar plataformas de mídia mais poderosas que canais de TV tradicionais. Ele não é apenas um jogador, mas um veículo de distribuição de narrativas e marcas, com poder comparável ao de conglomerados de mídia.
Isso reforça uma tendência mais ampla: a economia não gira apenas em torno de produtos, mas de capital simbólico. Se empresas como Google e OpenAI disputam quem controla a infraestrutura, personalidades como Ronaldo lembram que, no fim, é a atenção humana, limitada, escassa, fragmentada, que define os rumos do consumo.
Amazon na saúde: farmácia na palma da mão
A Amazon anunciou o lançamento de máquinas automáticas para venda de medicamentos prescritos. Mais do que conveniência, o que está em jogo é a expansão da gigante para um dos setores mais regulados e politicamente sensíveis do mundo: a saúde.
Se o projeto ganhar escala, a Amazon deixa de ser apenas varejista e cloud provider para se consolidar como operadora de saúde de nicho, com impacto direto em farmacêuticas, planos de saúde e até hospitais. Ao controlar logística, dados de consumo e prescrição médica, a empresa pode reconfigurar toda a cadeia de saúde.
Mas esse avanço levanta preocupações. Quem garante a segurança e privacidade desses dados? Como evitar que um marketplace se torne árbitro do acesso à saúde? A história mostra que quando plataformas digitais entram em setores regulados, governos reagem tarde, e a assimetria de poder já está consolidada.
A Amazon, que começou vendendo livros, agora vende saúde como produto. E isso pode redefinir não apenas o mercado farmacêutico, mas a própria relação entre cidadão e Estado.