Precisa de dinheiro? A IA pode ajudar.
O Nubank acaba de deixar claro algo que vinha sendo intuído há algum tempo: a inteligência artificial já está mudando a lógica do crédito no Brasil. A fintech está usando novos modelos avançados para analisar o comportamento financeiro dos clientes e, com isso, ampliar limites sem aumentar o risco. Em outras palavras, mais gente recebendo crédito com responsabilidade, mais crescimento para o banco, mais eficiência para todo o ecossistema. E tudo isso alimentado por algoritmos.
No terceiro trimestre, a carteira de crédito do Nubank subiu para US$ 30,4 bilhões, um salto de 42% em relação ao ano anterior. Não é pouca coisa. E o mais interessante é o que vem por trás desses números: a IA está ajudando a identificar padrões que os modelos tradicionais simplesmente não viam. A nova análise de risco permite crescer mantendo o mesmo nível de inadimplência, algo que no mundo financeiro vale ouro. É a prova de que a tecnologia não está apenas apoiando a operação, mas redefinindo a engrenagem central do negócio.
Muito disso passa pela aquisição da Hyperplane, a empresa de IA do Vale do Silício comprada pelo Nubank em 2024. Ela trouxe uma capacidade adicional de trabalhar grandes volumes de dados em tempo real, reduzindo ruídos e ampliando a precisão do perfil financeiro de cada cliente. O modelo começou pelo cartão de crédito no Brasil, mas já tem rota traçada para o México e para o processo de aprovação de novos usuários. É a expansão da IA como espinha dorsal do banco, não como um acessório.
E enquanto a tecnologia avança, a inadimplência cai. No Brasil, os atrasos acima de 90 dias recuaram para 6,8%, mostrando que a máquina está mais calibrada. A IA está ajudando a tomar decisões melhores, antecipar comportamentos e oferecer limites mais coerentes com a realidade de cada pessoa. É a versão moderna do “crédito sob medida”.
No fundo, estamos vendo nascer um novo capítulo do setor financeiro: o crédito dinâmico. Durante décadas, o mercado se baseou em scores estáticos, análises burocráticas e modelos que tratavam todos os clientes como praticamente iguais. Agora, os bancos começam a operar como empresas de tecnologia, com decisões em tempo real, múltiplas variáveis e um poder de previsão que antes era inacessível. O resultado é simples: quem conseguir dominar essa camada de inteligência vai liderar o próximo ciclo do mercado.
Para o cliente, isso muda tudo. Significa que a análise de crédito não depende apenas da renda do holerite, do tempo de emprego ou da burocracia do passado. Depende do comportamento real, do histórico vivo, das interações financeiras do dia a dia. Isso beneficia milhões de pessoas que antes eram “invisíveis” para o sistema. Mas também exige responsabilidade: crédito fácil não elimina o risco de endividamento, só torna o processo mais rápido e mais preciso.
O mais interessante é que essa revolução ainda está no começo. A IA só vai aprofundar a personalização, acelerar decisões e permitir que instituições financeiras escalem sem perder controle. É a união perfeita entre volume, eficiência e prudência. E quem já entendeu isso está alguns passos à frente.
O que estamos vendo não é apenas o Nubank ampliando limites. É a transformação de uma das indústrias mais tradicionais do mundo. O crédito, que sempre foi sinônimo de risco, começa a se tornar sinônimo de inteligência. E isso muda o jogo.



