Pioneirismo não é sinal de vitória
Num dia como hoje, em 23 de novembro de 1992, a IBM apresentou ao mundo o IBM Simon, o primeiro smartphone da história. Tela sensível ao toque, apps básicos, mensagens, calendário, anotações: tudo o que, anos depois, pareceria óbvio. O anúncio marcou o início oficial da era dos smartphones. Mas não marcou o início da liderança da IBM nesse mercado. Pelo contrário. A empresa abriu a trilha, mas quem colheu o ouro foram os que vieram depois: BlackBerry, Nokia, Apple, Samsung.
Essa história é um lembrete poderoso de que ser pioneiro não garante vitória. O primeiro geralmente enfrenta o terreno mais hostil, gasta energia demais limpando o mato, errando o caminho, educando o mercado, enfrentando o ceticismo e correndo risco onde ninguém mais quer correr. É bonito dizer que “quem chega primeiro bebe água limpa”, mas na prática o pioneiro costuma chegar exausto ao oásis. E, muitas vezes, é exatamente nessa hora que aparece alguém mais preparado para aproveitar tudo.
O pioneiro faz o trabalho difícil: prova que o caminho existe, mostra que a tecnologia funciona, atrai os primeiros olhares, sensibiliza investidores e abre a mente do consumidor. É um papel fundamental, quase heroico, mas que nem sempre é recompensado com liderança duradoura. O mercado tende a premiar quem chega depois, observa os erros, corrige a rota e avança com mais eficiência.
O caso do IBM Simon não é sobre fracasso. É sobre realidade. Inovação não é corrida de 100 metros, é maratona. E em maratonas, largada rápida não significa linha de chegada garantida. Às vezes, quem abre a trilha não é quem aproveita a água limpa, mas sem ele, ninguém beberia nada.



