Meta Compra a "Nova DeepSeek", Nvidia Injeta Bilhões na Intel, Brasil Lidera Moedas Emergentes e IA nas Transações
Bom dia! Hoje é 31 de dezembro. Neste mesmo dia, em 1999, o mundo continha a respiração à espera do chamado “Bug do Milênio”: o temor de que computadores não reconhecessem a virada para o ano 2000 e colapsassem sistemas bancários, aeroportos e usinas.
O apocalipse digital não veio, mas o episódio revelou algo duradouro: nossa dependência crescente de infraestruturas tecnológicas invisíveis.
Vinte e cinco anos depois, encerramos 2025 discutindo não mais bugs, mas agentes autônomos, soberania de chips e a arquitetura financeira de um mundo digitalizado. A ansiedade mudou de forma, mas a essência permanece.
Meta adquire a Manus e aposta alto na era dos agentes de IA
A Meta anunciou a aquisição da Manus AI, a recente startup chinesa que ganhou notoriedade como a “nova DeepSeek” ao desenvolver agentes de inteligência artificial capazes de superar, segundo a própria empresa, o desempenho do DeepResearch da OpenAI. O negócio, avaliado entre US$ 2 bilhões e US$ 3 bilhões, marca uma inflexão estratégica de Zuckerberg: após anos investindo em modelos de linguagem e assistentes conversacionais, a Meta agora mira a próxima fronteira - agentes autônomos que executam tarefas complexas, navegam sistemas e tomam decisões com mínima intervenção humana.
A integração da Manus ao ecossistema Meta, incluindo o Meta AI e produtos voltados para consumidores e empresa, sinaliza uma corrida que vai além dos chatbots. Agentes de IA não apenas respondem perguntas; eles reservam viagens, negociam contratos, gerenciam agendas e operam softwares em nome do usuário. É a transição de uma IA que assiste para uma IA que age. Para a Meta, isso significa transformar WhatsApp, Instagram e Messenger em plataformas onde agentes resolvem problemas de ponta a ponta, capturando valor em cada interação automatizada.
Mas a origem chinesa da Manus adiciona uma camada geopolítica ao movimento. Embora a startup não opere na China e mantenha parceria estratégica com a Alibaba, a aquisição por uma Big Tech americana levantará escrutínio regulatório em Washington. A Meta terá que demonstrar que a tecnologia não carrega dependências ou vulnerabilidades ligadas a Pequim.
Em um ano marcado pela disputa EUA-China por supremacia em IA, comprar talento chinês é simultaneamente um atalho competitivo e um campo minado diplomático. Zuckerberg aposta que o prêmio de liderar a era dos agentes justifica o risco.
Nvidia injeta US$ 5 bilhões na Intel
A Nvidia concluiu a compra de US$ 5 bilhões em ações da Intel, consolidando uma transação anunciada em setembro que representa muito mais do que um investimento financeiro. Para a Intel, o aporte é oxigênio após anos de tropeços estratégicos, expansões de fábricas que drenaram caixa e perda de liderança tecnológica para TSMC e a própria Nvidia. Para a Nvidia, é uma jogada de posicionamento industrial: ao fortalecer a Intel, Jensen Huang garante que os Estados Unidos mantenham capacidade doméstica de fabricação de chips avançados, uma infraestrutura crítica em um mundo onde semicondutores são o novo petróleo.
O movimento se insere na política americana de reindustrialização promovida pelo CHIPS Act de Donald Trump, que destinou mais de US$ 50 bilhões para trazer a produção de semicondutores de volta ao solo americano. A Nvidia, embora projete os chips mais avançados do planeta, depende da TSMC taiwanesa para fabricá-los - uma clara vulnerabilidade exposta pelas tensões no Estreito de Taiwan.
Investir na Intel é, portanto, uma apólice de seguro geopolítica: se a Ásia se tornar inacessível, os EUA precisam de fábricas próprias operando em escala. A Nvidia não está apenas ajudando uma concorrente; está construindo redundância estratégica para si mesma.
Para o mercado, a mensagem é clara: a competição por IA não será vencida apenas por quem treina os melhores modelos, mas por quem controla a cadeia de produção física. Datacenters, chips, energia, água para refrigeração… a infraestrutura material da inteligência artificial definirá quem terá autonomia e quem ficará dependente. A Nvidia entendeu isso antes de todos. A Intel, agora capitalizada, tem uma última chance de se reinventar. E os Estados Unidos ganham mais uma peça no tabuleiro da soberania tecnológica.
Brasil e Chile lideram valorização de moedas emergentes
Enquanto o mundo fecha 2025 com incertezas sobre juros americanos e desaceleração chinesa, Brasil e Chile emergem como destaques positivos entre mercados emergentes, liderando a valorização cambial no fim do ano. O real e o peso chileno se fortaleceram em um momento em que outras moedas latino-americanas patinaram. A pergunta que investidores fazem é: o que esses dois países têm de diferente?
A resposta passa, em parte, por fundamentos macroeconômicos, como reservas robustas, inflação controlada e políticas monetárias críveis, mas também por um fator menos óbvio: posicionamento na economia digital e energética do futuro. O Brasil atrai investimentos recordes em datacenters, impulsionado por sua matriz energética limpa e mercado consumidor hiperconectado. O Chile, por sua vez, é o maior produtor mundial de cobre e lítio, minerais essenciais para baterias, veículos elétricos e infraestrutura de IA. Ambos os países se tornaram elos críticos nas cadeias de suprimento que sustentam a revolução tecnológica global.
Essa convergência entre commodities estratégicas e infraestrutura digital cria um diferencial competitivo que transcende ciclos de curto prazo. Enquanto emergentes tradicionais dependem de exportações voláteis, Brasil e Chile se posicionam como fornecedores de insumos indispensáveis para a transição energética e a expansão da inteligência artificial. A valorização cambial de fim de ano pode ser conjuntural, mas o vetor subjacente é estrutural: países que souberem converter recursos naturais em participação nas cadeias de valor tecnológicas terão moedas mais fortes, economias mais resilientes e maior poder de barganha na nova ordem global.
Visa aponta: centenas de transações já são concluídas por IA
A Visa tornou público o dado de que centenas de transações eletrônicas já estão sendo concluídas neste ano integralmente por agentes de inteligência artificial, sem intervenção humana direta. O dado, divulgado pela empresa no fechamento de 2025, antecipa o que a gigante de pagamentos projeta como a próxima inflexão do setor financeiro: a adoção em massa de IA autônoma no varejo e nos serviços a partir de 2026.
O movimento representa uma mudança de paradigma em nossa atual arquitetura de consumo digital. Até agora, assistentes virtuais ajudavam usuários a comparar preços, encontrar produtos ou preencher formulários. Daqui para frente, porém, agentes de IA começam a executar o ciclo completo: identificar necessidades, selecionar fornecedores, negociar condições e finalizar pagamentos, tudo operando dentro de parâmetros definidos pelo usuário, mas com autonomia decisória crescente.
Para a Visa, e até mesmo para as demais mediadores de transações, isso significa reposicionar sua infraestrutura não apenas como processadora de atos humanos, mas como trilho por onde agentes digitais movimentam dinheiro em nome de pessoas e empresas. A empresa a qual dominar a interface entre IA e sistemas de pagamento primeiro, capturará uma fatia desproporcional do comércio automatizado que se anuncia cada vez mais (e é um caminho inevitável).
O desafio, porém, é proporcional à oportunidade, ao passo que transações autônomas exigiram cada vez mais novos protocolos de autenticação, responsabilização por erros e proteção contra fraudes algorítmicas. Afinal, quem responde quando um agente de IA aprova uma compra indevida? Como auditar decisões tomadas em milissegundos por sistemas opacos? A Visa e suas demais concorrentes terão que construir, em tempo real, a governança de um sistema financeiro onde humanos supervisionam, mas não mais executam. A era do consumidor que clica está dando lugar à era do agente que decide.
Ao final, quero desejar a todos um Feliz Ano Novo! Que 2026 nos traga muita clareza para navegar em um mundo cada vez mais complexo e que, para aqueles que entendem as Entrelinhas dessa complexidade, surjam grandes oportunidades a serem aproveitadas.









