Meta Acelera na IA, Microsoft Abre Azure, Google na Índia e Alívio ao Brasil no Tarifaço
Bom dia! Hoje é 31 de julho. Nesta data, em 1971, o astronauta David Scott se tornou o primeiro ser humano a dirigir um veículo na Lua: o Lunar Roving Vehicle, da missão Apollo 15. Um lembrete de que grandes saltos tecnológicos começam com boas decisões estratégicas.
Meta dobra a aposta na corrida da superinteligência
A Meta anunciou que pode investir até US$ 72 bilhões em infraestrutura de IA em 2025, mostrando que a corrida por poder computacional está apenas começando. O foco é em datacenters, GPUs e treinamento de modelos fundacionais cada vez mais complexos — uma tentativa clara de não ficar atrás de players como OpenAI e Google DeepMind. A empresa vem transferindo sua identidade: do "metaverso" ao "supercérebro", de forma silenciosa, mas acelerada.
Zuckerberg também sinalizou que nem todos os modelos serão open-source, especialmente os mais avançados com potencial de “superinteligência”. Isso rompe com a narrativa de abertura defendida até aqui, e acende o alerta: se a IA for realmente capaz de superar inteligências humanas em escala ampla, quem controla essa tecnologia ganha poder político e econômico inédito na história. O dilema ético e regulatório está lançado.
No campo financeiro, a Meta entregou previsão otimista para o terceiro trimestre, impulsionada por sua retomada publicitária e o crescimento das aplicações de IA generativa em anúncios e produtos. Os investidores reagiram com entusiasmo, e a mensagem foi clara: a inteligência artificial já está monetizando, não é mais só promessa.
Mas o custo de participar desse jogo é astronômico. E como vimos no passado com redes sociais, a busca por dominância tecnológica pode atropelar preocupações com privacidade, concentração de poder e transparência algorítmica. A pergunta é: até onde estamos dispostos a terceirizar decisões humanas para modelos que não compreendemos totalmente?
Microsoft revela o tamanho real do Azure — e impressiona
A Microsoft, por sua vez, entregou números acima do esperado. O destaque ficou para o segmento de nuvem, com vendas da Azure totalizando US$ 75 bilhões no último ano fiscal, finalmente reveladas de forma direta pela companhia — algo que o mercado aguardava há anos. Essa transparência pareceu um movimento calculado para reforçar a posição da empresa na batalha de infra de IA.
A forte demanda por serviços em nuvem é impulsionada pela necessidade de treinamento e deploy de modelos de IA em escala, especialmente por startups e desenvolvedores menores que não têm como competir com as big techs em hardware. A Microsoft é hoje o ponto de acesso à IA generativa para milhares de empresas, via Azure, Copilot e parcerias com a OpenAI.
Além disso, o crescimento consistente da divisão de nuvem garante fôlego para novos investimentos, inclusive no desenvolvimento de chips proprietários. A mensagem implícita: se a infraestrutura for o petróleo da nova era da IA, a Microsoft está construindo os oleodutos.
Google investe US$ 6 bi na Índia, mirando dados e escala
O Google também fez um movimento estratégico importante. Com um megainvestimento de US$ 6 bilhões em um novo datacenter na Índia, a empresa pretende expandir sua capacidade de processamento de IA generativa, enquanto se aproxima de um dos maiores mercados digitais do planeta. A Índia tem mais de 800 milhões de usuários ativos de internet, e o custo de operação é muito menor que nos EUA ou Europa.
Esse tipo de investimento também tem leitura geopolítica. Em meio à crescente tensão entre Washington e Pequim, a Índia se torna um polo neutro, atrativo tanto para capital americano quanto para expansão tecnológica. A escolha do local não é só técnica: é estratégica.
Com isso, a Google garante autonomia de operação em larga escala, especialmente para serviços como o Gemini, seu modelo de IA generativa. Também cria um ponto de apoio para oferecer serviços de nuvem, análise de dados e inteligência artificial a governos e empresas locais. A big tech está jogando o jogo de longo prazo — não só por lucro, mas por influência.
Brasil respira com exceções no “tarifaço” americano
Em meio ao novo tarifário agressivo do governo Trump, o Brasil recebeu uma trégua estratégica: produtos como jatos da Embraer, suco de laranja e petróleo foram excluídos da lista de sobretaxas. A decisão demonstra não apenas a interdependência comercial em setores-chave, como a aviação regional americana e a cadeia energética, mas também um sinal de que os EUA ainda veem o Brasil como um parceiro útil e funcional, mesmo sob uma política externa cada vez mais protecionista.
Segundo o Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), com essa exceção tarifária, o Brasil deve retomar o envio de petróleo aos EUA de forma imediata, beneficiando-se do timing energético global e da escassez relativa em algumas praças americanas. Para empresas como a Embraer, o alívio não é apenas financeiro, mas também estratégico: preserva contratos, participação de mercado e, acima de tudo, o acesso a um dos ecossistemas mais relevantes da aviação global.
Contudo, o alívio é momentâneo. Em um cenário onde as tarifas se tornaram instrumento político nos EUA, o Brasil precisa diversificar seus mercados e estruturar acordos bilaterais mais robustos. A próxima rodada de medidas pode ser menos generosa.
Shopee e ApexBrasil: Vitrine Global para o Empreendedor Brasileiro
A Shopee firmou parceria com a ApexBrasil para criar um novo canal de internacionalização para empresas brasileiras dentro do ecossistema de e-commerce global. O acordo abre portas para que produtores nacionais acessem mercados estratégicos como Sudeste Asiático e Europa, aproveitando a malha logística, inteligência de mercado e infraestrutura digital da plataforma.
Esse movimento marca uma virada na percepção da Shopee no Brasil. Antes vista como uma ameaça ao varejo nacional devido à competição com produtos chineses, a empresa agora se reposiciona como uma aliada da exportação digital brasileira. Com apoio institucional da Apex, o projeto ganha legitimidade e amplia as chances de gerar impacto real: mais receita em dólar, aumento da escala produtiva e acesso a consumidores globais.
No longo prazo, a parceria pode ser o embrião de um novo ciclo de integração do Brasil às cadeias globais de valor — desta vez, com protagonismo via plataformas digitais. Para isso, será fundamental garantir que a capacitação, a infraestrutura local e o suporte institucional acompanhem o salto. O potencial existe; o desafio será convertê-lo em política industrial efetiva.