Learn-it-all x Know-it-all: a lição do CEO da Microsoft
Satya Nadella disse recentemente que o maior obstáculo da Microsoft na corrida da inteligência artificial é justamente o seu tamanho. Não é falta de dinheiro, talento ou infraestrutura. É o peso das próprias convicções, dos processos antigos, das certezas consolidadas. Ele reconheceu algo que poucas lideranças de grandes empresas têm coragem de admitir: quando você se torna grande demais, fica mais difícil desaprender. E, num mundo movido por IA, quem não desaprende, não aprende.
Nadella faz uma distinção poderosa entre dois tipos de profissionais e organizações: os know-it-alls, que acreditam já saber tudo, e os learn-it-alls, que permanecem curiosos, inquietos e abertos ao novo. Essa diferença, que antes parecia filosófica, virou um fator competitivo decisivo. Startups avançam mais rápido não porque são “melhores”, mas porque não carregam o peso do passado. Não existe o “sempre foi assim”, não existe o “na minha época”, não existe o conforto das estruturas. Existe apenas o impulso de tentar, errar, ajustar e seguir.
Já empresas gigantes passam por uma metamorfose mais lenta. Suas velhas convicções agem como âncoras. Em vez de acelerar, travam. Em vez de facilitar, complicam. E é exatamente por isso que Nadella vem repetindo que o grande diferencial hoje não é tecnologia, mas cultura. A cultura do aprender sempre. A cultura da humildade intelectual. A cultura de aceitar que aquilo que funcionou ontem pode ser irrelevante amanhã.
Vivemos um momento em que a inteligência artificial está reescrevendo as regras do jogo em todas as indústrias. Não existe manual, não existe tradição que garanta sobrevivência, não existe cargo que assegure relevância. O que existe é a capacidade de se reinventar, e ela só nasce da curiosidade. Quem insiste em defender velhas certezas acaba virando guardião de um passado que não volta mais.
A verdade é que, no século XXI, ser um learn-it-all não é uma virtude. É uma necessidade estratégica. É o que separa quem lidera de quem reage; quem cria o futuro de quem tenta sobreviver a ele. Nadella entendeu isso. O mercado já entendeu isso. Agora cabe a cada um de nós decidir de que lado dessa linha quer ficar.



