IA sem Freio, Tesla em Queda, Google Avança, iFood Vai às Compras e o Fantasma do GPT-5
Bom dia! Hoje é 25 de julho. Neste mesmo dia, em 1965, Bob Dylan subiu ao palco do Newport Folk Festival com uma guitarra elétrica e chocou o mundo da música. O gesto, que dividiu o público na época, virou símbolo da transição entre o velho e o novo: um dilema que ainda ecoa nos saltos tecnológicos que vivemos hoje.
Tesla decepciona, e a maré muda para Musk
Os resultados do segundo trimestre de 2025 da Tesla frustrou Wall Street. A montadora reportou uma receita de US$ 23,5 bilhões, abaixo das projeções, e uma queda de 27% nos lucros em relação ao ano passado. Além disso, Elon Musk usou a teleconferência para desviar o foco da performance e promover seus planos ambiciosos com robotáxis — estratégia que o mercado já começa a enxergar como cortina de fumaça.
O discurso escapista de Musk é sintomático de um cenário mais amplo: o mercado automotivo elétrico está amadurecendo e se tornando mais competitivo, pressionando margens e exigindo execução operacional precisa. As promessas de "plena autonomia" e "robotáxis revolucionários" já não seduzem como antes, investidores agora querem entregas, não sonhos.
Se a Tesla não recalibrar sua abordagem e enfrentar os desafios industriais de frente, corre o risco de ver seu papel de protagonista na transição energética ser diluído por concorrentes mais pragmáticos como a BYD, que cresce silenciosamente.
Trump acelera IA e corta os freios regulatórios
Donald Trump apresentou nesta semana seu plano nacional para a inteligência artificial. A proposta busca garantir a supremacia americana na corrida tecnológica contra a China, com foco em investimento público e incentivo ao setor privado — mas com uma ausência notável: regulamentações. O presidente quer tirar o "peso morto burocrático" da inovação, apostando que o livre mercado fará a coisa certa.
A retórica seduz empreendedores, mas acende alertas éticos e geopolíticos. O plano prevê, inclusive, restrições às exportações de chips de IA para a China — uma escalada na guerra fria tecnológica que pode provocar retaliações comerciais e acelerar a fragmentação do ecossistema global de IA.
Na prática, os EUA assumem um risco: abrir mão de salvaguardas em nome da velocidade. Em um cenário onde algoritmos já impactam eleições, trabalho e segurança, a ausência de guardrails pode favorecer não apenas o progresso, mas também o caos. O jogo agora não é apenas vencer a China, mas preservar a confiança social no meio do caminho.
Google surpreende com resultados e anuncia novos investimentos em IA
A Alphabet, holding do Google, divulgou resultados trimestrais acima do esperado e empolgou o mercado: alta de 14% na receita e novo impulso no segmento de nuvem. O destaque, porém, está na escalada dos investimentos em inteligência artificial. A empresa anunciou um plano bilionário para ampliar data centers, melhorar modelos e reforçar a integração de IA em seus produtos.
Isso sinaliza que o Google não pretende perder protagonismo para a OpenAI nem para a Amazon. E mais: ao fazer isso com boas margens e crescimento sustentado, mostra que ainda domina a arte de monetizar tecnologia em escala. O desafio agora será transformar essa infraestrutura em produtos realmente transformadores para o consumidor — não apenas funcionalidades incrementais no buscador ou no Workspace.
Para os investidores, é um sinal de que o Google segue sendo uma peça-chave no tabuleiro da IA, mas terá que se reinventar rapidamente para não se tornar apenas o “plano B” frente à nova geração de modelos que surgem quase semanalmente.
GPT-5 vem aí — e com ele, novas perguntas
Apesar de não haver confirmação oficial da OpenAI, os rumores sobre o GPT-5 se intensificam. Espera-se um salto em compreensão contextual, raciocínio lógico e memória, com melhorias voltadas para agentes autônomos e integrações empresariais. Se o GPT-4 marcou a chegada dos copilotos, o GPT-5 pode ser o primeiro "coexecutor" da era digital.
O entusiasmo, porém, deve vir com cautela. Quanto mais potente o modelo, maior o risco de alucinações sofisticadas, manipulação de informação e dependência cognitiva. Sam Altman já alertou recentemente para o uso excessivo de IA por jovens — e a chegada de modelos mais potentes pode agravar essa tendência.
A evolução é inevitável, mas a pergunta que se impõe é: estamos treinando IAs melhores ou apenas nos tornando usuários mais passivos? A resposta pode definir não só o futuro da produtividade, mas também da autonomia humana.
iFood mira a Alelo e pode redesenhar o mercado de benefícios
O iFood está em negociações para adquirir a Alelo por até R$ 6 bilhões. A transação, se concretizada, criaria um império de tecnologia e serviços com ramificações que vão da entrega de refeições até a gestão de vale-alimentação e benefícios corporativos. Mais do que uma compra, é uma jogada estratégica para integrar verticalmente a cadeia do foodtech com o setor financeiro.
O Bradesco, um dos principais acionistas da Alelo, teria papel central na negociação. A medida vem em um momento de intensa transformação no setor de benefícios, pressionado por novas legislações e pela digitalização dos meios de pagamento.
Com esse movimento, o iFood deixa de ser apenas um app de entrega e passa a disputar espaço com bancos e fintechs no ecossistema de pagamentos. Para o consumidor, pode significar mais integração e conveniência — mas para o mercado, é mais um sinal de que as fronteiras entre setores tradicionais e tech estão desaparecendo.