Geopolítica + Tecnologia: A Nova Ordem "Tech" Mundial
O que antes parecia improvável está se tornando parte da paisagem diplomática global: CEOs das big techs ocupando mesas de negociação tradicionalmente reservadas a chefes de Estado. Primeiro, Donald Trump abriu as portas da Casa Branca para conversas estratégicas com líderes de empresas como Apple, Microsoft, Nvidia, Meta e OpenAI. Agora, em sua visita oficial ao Reino Unido, levou quatro desses executivos para encontros bilaterais, como parte da própria delegação americana.
Essa movimentação revela um ponto de inflexão. As big techs deixaram de ser apenas corporações privadas com alcance global para se tornarem atores centrais de poder. A influência que detêm sobre inteligência artificial, chips, plataformas de comunicação e infraestrutura digital as coloca no mesmo nível (ou até acima) de muitos países em termos de capacidade de moldar o futuro econômico e político. Quando CEOs passam a frequentar banquetes reais e reuniões de alto nível, é porque suas vozes não são mais apenas empresariais, mas estratégicas para a segurança e a geopolítica.
Nesse novo tabuleiro, surge a figura dos “cyberdiplomatas”. Líderes como Tim Cook, Satya Nadella, Jensen Huang e Sam Altman não representam apenas acionistas ou conselhos de administração. Representam, de fato, interesses nacionais, já que suas tecnologias estão no coração da corrida global por inteligência artificial, semicondutores e controle da informação. Eles se tornam, assim, embaixadores de um poder híbrido: privado na forma, soberano no impacto.
O resultado é a consolidação de uma nova ordem mundial em que o equilíbrio não se define apenas em arsenais militares ou reservas de petróleo, mas também em superchips, modelos de IA e plataformas digitais. O “soft power” agora tem linhas de código. E, diante disso, a pergunta que se impõe é inevitável: estamos diante de uma era em que presidentes e reis dividem a mesa de negociação com CEOs porque o futuro do mundo está sendo programado tanto em palácios quanto em data centers?
Junior, recomendo o livro do sociólogo Sérgio Amadeu. Ele fala exatamente isso que escrevesse - e mais um pouco, pois analisa também a importância das big techs dentro da estrutura militar das grandes potências. Chama-se "As big techs e a guerra total: O complexo militar-industrial-dataficado" e tem na Amazon.
https://www.amazon.com.br/big-techs-guerra-total-militar-industrial-dataficado/dp/6589705399