Como a Globo explica “esteira da audiência”
O movimento da Globo de lançar a GE TV no YouTube mostra como a empresa entende que a chamada “esteira da audiência” não pode parar. A geração que cresceu assistindo TV aberta, fiel ao Jornal Nacional, à novela das oito e ao Globo Esporte, está envelhecendo. E enquanto isso acontece, uma nova geração, formada por bilhões de pessoas que nasceram depois de 2007 - ano em que o iPhone foi lançado - já não consome televisão da mesma forma. Essa geração nasceu conectada, aprendeu a se informar pelo celular e enxerga no YouTube, no TikTok e no streaming seus principais pontos de contato com o entretenimento e com o esporte.
É nesse contexto que a GE TV surge. A ideia é simples, mas ousada: usar a força da marca Globo Esporte e adaptá-la à linguagem digital, disputando espaço com players nativos dessa era, como a CazéTV. Para isso, a Globo está reforçando seu elenco com nomes reconhecidos, como Jorge Iggor, que deixou a TNT Sports, e Fred Bruno, ex-Desimpedidos e atual apresentador do Globo Esporte. A mensagem é clara: não basta apenas transferir o conteúdo da TV para a internet; é preciso criar algo que dialogue diretamente com o novo público.
O conceito da “esteira da audiência” ajuda a explicar o esforço da emissora. Assim como uma esteira transporta objetos em movimento constante, o fluxo de audiência também se renova de forma ininterrupta. Se antes as famílias assistiam à TV em conjunto, hoje os jovens têm hábitos fragmentados e plataformas próprias. O público fiel de ontem já não garante o futuro. Para se manter relevante, a Globo precisa conquistar quem está entrando agora nesse ciclo — e, para isso, precisa estar presente onde eles estão.
Essa iniciativa representa mais do que uma mudança de plataforma, é uma mudança de mentalidade. O YouTube não é apenas um canal paralelo, mas um campo estratégico de disputa. E a Globo entende que, se não acompanhar a velocidade da esteira, corre o risco de ficar para trás. A televisão aberta ainda é poderosa, mas a audiência já está em movimento, e a Globo aposta que o futuro da relevância passa por estar em todas as frentes ao mesmo tempo.