Chips Asiáticos, Telegram nos EUA, Dell Hackeada, ONU Pede AI Verde e o GPS Brasileiro
Bom dia! Hoje é 23 de julho. Neste mesmo dia, em 1995, foi lançado o Windows 95 na versão OEM, um sistema operacional que redefiniu a experiência digital com o famoso botão "Iniciar" e consolidou a Microsoft como a gigante do desktop.
FuriosaAI fecha com LG e desafia Nvidia
A sul-coreana FuriosaAI deu um passo ousado ao conquistar a LG como sua primeira grande cliente. Com foco em inteligência artificial, a startup desenvolve aceleradores de IA personalizados — uma alternativa regional e mais flexível frente ao domínio quase monopolista da Nvidia. A decisão da LG, gigante da eletrônica e agora cada vez mais orientada à IA embarcada, sinaliza que corporações asiáticas estão buscando autonomia tecnológica diante da dependência global das placas da Nvidia e do ecossistema CUDA.
A relevância dessa movimentação é dupla: de um lado, a diversificação da cadeia de fornecimento de chips, cada vez mais estratégica para governos e empresas; do outro, a consolidação da Ásia como núcleo de inovação em semicondutores de IA. Se a FuriosaAI mantiver o ritmo e a LG mostrar ganhos reais de performance e eficiência, outras empresas asiáticas, como Samsung, Baidu e até startups indianas, podem seguir o exemplo.
Além disso, o contrato pode atrair investimentos estatais sul-coreanos em infraestrutura de fabricação local. Em um cenário global onde chips são o novo petróleo, esse tipo de parceria começa a definir quem dominará os fluxos energéticos da IA distribuída do futuro.
Telegram lança carteira cripto nos EUA
O Telegram lançou oficialmente sua carteira de criptomoedas nos Estados Unidos, permitindo aos usuários guardar, transferir e negociar criptoativos diretamente no app. Isso não apenas amplia o uso de stablecoins e tokens nativos como Toncoin, mas também insere o Telegram na corrida por criar um "superapp" financeiro global — sem depender de bancos, cartões ou o sistema Swift.
A chegada da wallet no mercado americano, sob o ambiente regulatório mais acirrado do mundo, levanta questões cruciais. O Telegram conseguirá evitar o cerco que já levou à queda de projetos como Libra (Meta)? E o Fed aceitará que um app russo se torne o “banco informal” de milhões de americanos, especialmente em ano eleitoral?
Para o mercado, a movimentação do Telegram é sinal de que o novo "mercado de massa" para criptoativos não será composto por exchanges tradicionais, mas por plataformas sociais com bilhões de usuários. Um risco? Sim. Mas também uma revolução inevitável na forma como entendemos dinheiro, fronteiras e poder de custódia digital.
Dell sofre megavazamento de 13 TB
A Dell confirmou um ataque de ransomware que resultou no vazamento de 13 terabytes de dados — incluindo, segundo o grupo hacker, arquivos confidenciais de clientes e detalhes internos de produtos. O incidente expõe, mais uma vez, a vulnerabilidade de empresas tradicionais frente ao cibercrime cada vez mais sofisticado e persistente.
A Dell, uma das maiores fornecedoras de infraestrutura para empresas e governos, pode sofrer impactos severos de imagem, confiança e compliance. Além disso, o ataque reforça uma tendência preocupante: mesmo corporações bilionárias e experientes em TI estão falhando em proteger seus próprios ambientes. A cadeia de suprimentos digital global se mostra frágil — e qualquer elo rompido pode vazar milhões de dados sensíveis.
Governos devem acelerar legislações sobre cibersegurança e exigir padrões mínimos em fornecedores críticos. O mercado, por sua vez, pode migrar ainda mais rápido para soluções descentralizadas, air-gapped e baseadas em autenticação zero-trust, empurrando a próxima geração de infraestrutura para longe dos servidores convencionais.
ONU cobra que IA seja sustentável até 2030
Em discurso nesta terça, o secretário-geral da ONU exigiu que as grandes empresas de tecnologia tornem suas infraestruturas de IA “sustentáveis” até 2030. O apelo mira os gigantes como Google, Microsoft e Amazon, cujos datacenters consomem volumes astronômicos de energia para treinar e operar LLMs — muitas vezes com eletricidade de origem fóssil.
A fala do chefe da ONU não é isolada: ela ecoa a crescente pressão regulatória e social para que as Big Techs divulguem o impacto climático de suas operações com IA. Caso a meta ganhe força institucional, é possível que, já nos próximos anos, empresas sejam obrigadas a reportar emissões de carbono associadas a cada modelo de IA, da criação ao uso.
Isso pode mudar a lógica de desenvolvimento atual, forçando a busca por eficiência energética extrema, modelos menores e até o abandono de abordagens que priorizam “brute force”. O resultado seria uma nova geração de IA mais leve, modular e conectada à matriz energética local — além de ampliar o custo de oportunidade de cada projeto de grande escala.
Brasil pode criar GPS nacional: soberania ou redundância tecnológica?
O governo brasileiro iniciou discussões para desenvolver um sistema de posicionamento global próprio — um “GPS nacional”. A proposta, que está nos estágios iniciais, visa reduzir a dependência do sistema norte-americano GPS e de suas contrapartes russas (GLONASS), chinesas (Beidou) e europeias (Galileo), ampliando a autonomia tecnológica do Brasil.
Apesar de ambiciosa, a iniciativa esbarra em obstáculos técnicos, orçamentários e geopolíticos. Construir uma constelação de satélites com precisão milimétrica exige bilhões em investimento e décadas de operação estável. Mas o projeto pode ter outros focos: como um sistema regionalizado para defesa, mapeamento ambiental e serviços críticos como agricultura de precisão e mineração.
Se for levado adiante, o “GPS brasileiro” pode marcar o início de uma nova agenda de soberania digital no país, conectando infraestrutura aeroespacial, segurança nacional e inovação agroindustrial. A pergunta é: teremos fôlego político, científico e fiscal para sustentá-lo?