A Web está sendo reescrita e muita gente ainda não percebeu
A OpenAI está redesenhando a internet diante dos nossos olhos. O que começou como um chatbot agora se transforma em uma plataforma completa, capaz de navegar, comprar, pagar e agir sozinha. O lançamento do navegador Atlas é o passo mais simbólico dessa virada.
Ele não é apenas um navegador, mas uma nova interface para a web, onde o ChatGPT deixa de ser um assistente isolado e passa a ser o próprio ambiente em que o usuário vive online. Dentro do Atlas, a IA pode abrir sites, resumir textos, comparar informações, responder sobre qualquer página e, mais impressionante, agir por conta própria.
Essa “navegação autônoma” é o início de uma web conduzida por agentes, não mais por cliques. A ideia é simples, mas poderosa: em vez de procurar e fazer manualmente, o usuário diz o que quer e o agente faz.
Esse mesmo raciocínio se estende ao comércio eletrônico. A parceria da OpenAI com o Walmart marca o nascimento do chamado “agentic commerce”, um novo modelo em que a compra acontece dentro da conversa. O ChatGPT agora pode recomendar produtos, comparar preços e concluir o pagamento em segundos, sem redirecionar o usuário para outro site.
É o fim do funil tradicional de busca, clique e checkout. A experiência se torna direta, contextual e inteligente. Você diz “preciso de uma roupa de presente para meu pai” e, em instantes, o assistente encontra, sugere e compra. O e-commerce deixa de ser um destino e passa a ser uma ação integrada ao diálogo. É como se a Amazon, o Google e o Shopify estivessem sendo comprimidos dentro de uma única janela, a conversa.
O elemento que viabiliza essa revolução é o avanço dos chamados “pagamentos agentivos”, que permitem que a IA, com sua autorização, execute transações de forma autônoma. É o próximo passo da automação pessoal: o agente que não apenas recomenda, mas age. Ele agenda uma viagem, paga o hotel, faz o pedido do mercado ou renova uma assinatura.
A OpenAI, em parceria com a Stripe e outros players financeiros, está criando o protocolo que permitirá isso de forma segura, transparente e padronizada. Estamos vendo nascer uma economia onde a principal interface de consumo não será o aplicativo, o site ou o cartão, mas o diálogo.
Esses movimentos não são incrementais. Eles reposicionam a OpenAI no centro da internet. O navegador Atlas não é uma ferramenta, é uma infraestrutura. O e-commerce dentro do chat não é conveniência, é a fusão entre intenção e ação. Os pagamentos agentivos não são automação, são o início de uma nova forma de delegação. Tudo converge para um mesmo destino: uma web em que a navegação, a decisão e a execução acontecem dentro de uma única conversa.
O impacto disso é profundo. A OpenAI está pavimentando o caminho para uma internet orientada por agentes, em que cada pessoa terá seu próprio “operador digital”, capaz de agir no mundo online com autonomia. Isso muda o papel das empresas, que deixam de disputar cliques para disputar contextos. Muda o marketing, que deixa de falar com o usuário para convencer o agente. E muda o próprio conceito de presença digital, porque o navegador deixa de ser a janela e passa a ser o próprio cérebro da navegação.
Se a revolução da internet conectou pessoas, a revolução da inteligência artificial está conectando intenções. O Atlas, o e-commerce conversacional e os pagamentos agenticos não são apenas inovações tecnológicas. São o início de uma nova era, em que a web deixa de ser um lugar para se visitar e passa a ser um organismo que age por nós. A OpenAI não está apenas lançando produtos, está reinventando a própria arquitetura da internet.
Gostei muito de sua análise e das questões que levantaste. Mas vejo muitos pontos preocupantes. Tão preocupantes que "pedi" à própria OpenAI que analisasse seu artigo e apontasse os pontos "polêmicos". Publiquei aqui: https://open.substack.com/pub/outrosoutubrosvirao/p/o-outro-lado-da-internet-dos-agentes?r=1b8h9m&utm_campaign=post&utm_medium=web&showWelcomeOnShare=false