A Marcha da Irrelevância
Todas as empresas, sem exceção, estão em movimento constante rumo à irrelevância. Essa marcha é inevitável, silenciosa e implacável. Não importa o tamanho, a história ou a glória conquistada: o que ontem era símbolo de inovação pode se tornar amanhã apenas mais uma lembrança empoeirada na estrada do tempo. Nokia, Yahoo, Blockbuster - nomes que já foram sinônimo de liderança, mas que hoje seguem puxando carroças pesadas no deserto da obsolescência.
O sucesso do passado nunca garantiu cadeira cativa no futuro. Pelo contrário, muitas vezes ele se transforma em armadilha. Líderes embriagados pela vitória costumam acreditar que o mundo girará ao seu redor, que clientes permanecerão fiéis e que modelos de negócio imutáveis resistirão à passagem dos anos. A história mostra o oposto: a arrogância dos vencedores costuma ser o primeiro passo rumo à queda.
O que distingue os que sobrevivem dos que desaparecem é a capacidade de abandonar os velhos dogmas e abrir-se ao novo. Empresas que compreendem que cada ciclo tem prazo de validade e que reinventar-se não é opção, mas condição de existência, conseguem prolongar a vida e escapar - ainda que temporariamente - da marcha. O segredo está em criar novos futuros antes que o presente se desgaste.
A marcha da irrelevância, no entanto, nunca para. Ela é uma procissão interminável, e a cada década mais companhias se juntam ao cortejo. Algumas por insistirem no que já não faz sentido, outras por não perceberem a velocidade das transformações ao seu redor. O destino é comum, mas a trajetória depende da humildade em aprender e da ousadia em recomeçar.
No fim, a pergunta que toda empresa deveria se fazer não é se será ou não esquecida, mas por quanto tempo conseguirá caminhar fora dessa fila. A irrelevância é inevitável — mas a reinvenção pode ser a única chance de atrasar a sua chegada.