A Embriaguez da Vitória
O sucesso é um vinho forte. Ele nos embriaga com a sensação de que encontramos a fórmula definitiva, de que o caminho já está traçado e que o futuro será apenas a repetição ampliada do passado. Mas, assim como a bebida que entorpece os sentidos, o êxito acumulado turva a visão, cria ilusões de invencibilidade e alimenta a arrogância silenciosa que se instala nos corredores da liderança.
Sob esse efeito, muitos líderes tropeçam. Com os olhos voltados para os feitos de ontem, caminham cambaleantes em direção ao amanhã, incapazes de enxergar os sinais de mudança que já estão diante de si. A cada brinde à própria vitória, ignoram que o tempo transforma mercados, tecnologias e comportamentos com a mesma velocidade com que esvaziamos uma taça. E quando a lucidez retorna, muitas vezes já é tarde: o mercado não espera quem insiste em viver do passado.
A embriaguez do sucesso é traiçoeira porque dá conforto. Mas, assim como todo excesso, cobra seu preço. O antídoto é a sobriedade da humildade: reconhecer que nada é permanente, que conquistas de ontem não garantem relevância amanhã, que é preciso reaprender todos os dias. O líder que entende isso não se deixa enredar pelo orgulho, mas se abre para o novo ciclo - sóbrio, atento e preparado para um futuro que nunca repete o passado.