60 anos da Lei de Moore: o fim de uma era?
Em 19 de abril de 1965, Gordon Moore, cofundador da Intel, publicou um artigo na Electronics Magazine no qual previa que o número de transistores em um chip dobraria a cada ano — posteriormente ajustado para a cada dois anos.
Nascia a famosa Lei de Moore, que durante décadas foi o compasso da evolução da computação. Mais transistores significavam chips mais potentes, menores e mais baratos, impulsionando uma revolução tecnológica sem precedentes: dos primeiros PCs aos smartphones modernos, passando pela internet, pela inteligência artificial e pela explosão da economia digital.
Hoje, 60 anos depois, o mundo celebra essa profecia — mas também começa a enterrá-la. A Lei de Moore funcionou como um norte para a indústria por mais de meio século, mas a velocidade atual da evolução tecnológica já não cabe mais dentro desse modelo linear de duplicação.
O que estamos vivendo em 2025 é algo diferente: um salto de complexidade e de multidimensionalidade. Não é apenas o número de transistores que importa — é a maneira como combinamos chips especializados (como GPUs, TPUs e NPUs), desenvolvemos arquiteturas de IA, usamos algoritmos que autoevoluem, e criamos novas formas de computação, como a computação quântica e os sistemas neuromórficos.
Em outras palavras, a inovação deixou de ser previsível e incremental para se tornar exponencial e multifatorial.
Hoje, uma nova "lei" mais informal domina os bastidores da tecnologia: a Lei de Huang, batizada em referência a Jensen Huang, CEO da Nvidia. Huang propôs que, com a aceleração do uso de IA e de arquiteturas paralelas, a performance dos chips está multiplicando em velocidade muito superior àquela prevista por Moore.
A evolução que antes levava uma década agora acontece em três anos — ou menos. Não se trata apenas de fazer "mais rápido o mesmo chip", mas de repensar toda a forma de computar.
E não para por aí: a convergência de tecnologias — IA, robótica, biotecnologia, energia, novos materiais — está dobrando a percepção de progresso em múltiplas direções simultaneamente. O que antes era uma estrada pavimentada de avanços ordenados se transformou em uma malha caótica de saltos, atalhos e reinvenções.
O que isso significa para o futuro?
O tempo de vida útil das tecnologias será cada vez menor. O que é inovador hoje se tornará obsoleto em questão de meses ou poucos anos.
As barreiras de entrada vão diminuir para quem consegue inovar em velocidade e escala. Startups poderão desafiar gigantes muito mais rapidamente.
A capacidade de adaptação será mais valiosa do que a capacidade de planejamento. Quem insistir em seguir roteiros antigos corre o risco de se perder no novo mapa do futuro.
O aniversário de 60 anos da Lei de Moore não é apenas uma comemoração da história da tecnologia — é um aviso. O futuro não vai evoluir conforme padrões previsíveis. A nova era pertence a quem entende que a velocidade não é mais apenas um número, mas uma filosofia de existência.
O fim da Lei de Moore não é o fim da inovação. É, talvez, o seu renascimento mais selvagem.
Enquanto todos escolhem lados, eu opero no entre
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