50 Anos de Microsoft
Era uma vez dois garotos fascinados por computadores, quando computadores ainda eram coisa de ficção científica para a maioria das pessoas. Bill Gates e Paul Allen, ainda adolescentes, enxergaram o invisível: o dia em que um computador estaria na mesa de cada casa, em cada escritório, em cada bolso. E com essa visão, em 4 de abril de 1975, nascia a Microsoft — em um tempo em que a palavra "software" mal era pronunciada em voz alta.
A história da Microsoft é a própria história da era digital. De uma pequena empresa instalada em Albuquerque, no Novo México, até se tornar uma das maiores potências da tecnologia global, o caminho foi tão grandioso quanto acidentado, com picos de inovação e vales de polêmicas, mas sempre em movimento, sempre moldando o amanhã.
Nos primeiros capítulos dessa saga, Bill e Paul apostaram tudo na criação de um interpretador de BASIC para o Altair 8800, considerado o primeiro computador pessoal. Era apenas código, mas aquele código abriu portas para um mundo novo. Com o tempo, veio o DOS — o sistema operacional que se tornou a espinha dorsal de milhões de PCs ao redor do planeta. E então, em 1985, o Windows foi lançado. Uma janela, literalmente, se abriu para o futuro.
Bill Gates disponibilizou ontem o código-fonte original do Basic para o Altair 8800. Uma relíquia da tecnologia. Quem quiser conhecer, clique aqui.
O Windows 95 foi talvez o grande clímax da era romântica da computação. Pessoas faziam filas para comprá-lo. A startup da garagem havia virado império. A internet começava a se espalhar como uma força invisível, e a Microsoft estava em cada tela, em cada teclado, em cada click.
Mas nenhum império é construído sem resistência. Nos anos 2000, vieram os processos antitruste, as críticas à hegemonia, os erros estratégicos — como o fracasso do Windows Phone e o atraso na nuvem. Por um tempo, a gigante de Redmond parecia estar ficando para trás. Os ventos mudavam e nomes como Google, Apple e Amazon ganhavam o brilho da inovação.
Mas a Microsoft, como toda entidade lendária, soube renascer. Sob a liderança de Satya Nadella, a empresa trocou o orgulho pela reinvenção. Abraçou a nuvem com o Azure, voltou a ser amada pelos desenvolvedores, e mergulhou de cabeça na inteligência artificial, colocando o Copilot como copiloto do futuro do trabalho. E assim, como uma fênix tecnológica, a empresa renasceu com mais vigor do que nunca.
O impacto da Microsoft no mundo vai muito além da tecnologia. Ela moldou comportamentos, criou profissões, empoderou empresas, educou gerações. Em milhares de escolas ao redor do mundo, crianças escreveram seus primeiros textos no Word. Profissionais de todos os cantos prepararam suas apresentações no PowerPoint. Famílias inteiras navegaram pela internet com o Internet Explorer. Startups nasceram no Excel. E corporações se transformaram com o Teams.
E por trás de tudo isso, dois nomes. Bill Gates, o estrategista obsessivo, genial, inquieto, que trocou Harvard pela promessa de um mundo digital. E Paul Allen, o visionário silencioso, o amante da ciência e da arte, que enxergou o futuro em números e circuitos. Juntos, eles plantaram a semente de uma revolução que hoje completa meio século. Paul se foi em 2018, mas seu legado pulsa em cada linha de código, em cada inovação alimentada por aquela faísca original.
Hoje, aos 50 anos, a Microsoft não é apenas uma empresa. É um capítulo inteiro da civilização digital. É um lembrete de que sonhos de garagem podem mudar o mundo — e que o futuro ainda está sendo escrito, linha por linha, byte por byte.